Ligado a entidades da farra dos descontos indevidos de aposentados, um empresário correu para agências bancárias de Brasília e fez diversos saques de R$ 50 mil, mesmo após o início da operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF), que investiga as fraudes contra aposentados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Gutemberg Tito é um dos empresários que controlam duas associações implicadas nos esquemas. São elas a União Brasileira de Aposentados da Previdência (Unibap) e a Associação de Amparo aos Aposentados e Pensionistas do Brasil, que atualmente é chamada de Ampaben, mas, no auge da farra, tinha o nome de Abenprev.
Ele não foi um dos alvos das investigações, mas a Controladoria-Geral da União e a PF já identificaram indícios de sua relação com essas entidades.
Como mostrou o Metrópoles, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelou como transações milionárias ligam essas entidades a empresas de Tito. Somente essas duas associações faturaram R$ 263 milhões com descontos sobre aposentadorias.
Um dos movimentos de Tito que chamaram a atenção do órgão foi a realização de 22 saques em espécie em terminais de autoatendimento e guichês de caixas bancários em agências na Asa Norte, em Brasília.
Houve saques mais discretos, no valor de R$ 10 mil. Outros ficaram na casa dos R$ 50 mil. Apenas um deles foi antes da deflagração da Operação Sem Desconto, no fim de abril de 2025. Pelo menos três saques de quase R$ 150 mil foram feitos entre maio e julho de 2025.
O relatório do Coaf foi encaminhado à Comissão Parlamentar de Inquérito Mista do INSS no Senado. Tito tem sido objeto de diversos pedidos de senadores e deve depôr no colegiado.
Ele foi um dos personagens da série de reportagens Farra do INSS, que revelou o esquema. Tito faz parte de um grupo de donos de seguradoras e de clubes de benefícios, que também têm enfrentado problemas na Justiça por descontos indevidos em débito automático junto a bancos.
