A esposa do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), Rebeca Ramagem, publicou neste domingo (23/11) uma mensagem nas redes sociais após deixar o Brasil com as filhas. No texto, ela afirma que a família mantém “esperança” de retornar ao país e relata que a viagem aos Estados Unidos teve como objetivo proteger as crianças.
A postagem foi acompanhada de um vídeo em que as filhas reencontram o pai.
Assista:
Rebeca escreveu que desembarcou nos Estados Unidos há uma semana “com um único propósito: proteger a família”, e afirmou que não vê no Brasil “garantia de uma justiça imparcial”. Segundo ela, o casal enfrenta “perseguição política” e vive um cenário que chama de lawfare.
O parlamentar é apontado como foragido pela Polícia Federal. A fuga do deputado foi citada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na decisão que decretou, no sábado (22/11), a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ministro ainda mencionou a mudança de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os Estados Unidos, afirmando que o deputado teria ido ao país a fim de seguir com o “cometimento de crimes”.
A esposa do parlamentar também disse na postagem que a família iniciou uma “nova jornada” no exterior, e que segue unida. “Mantemos a esperança de um dia voltar a um Brasil onde a escolha político-ideológica não seja tratada como crime”, afirmou. Ela encerrou a publicação dizendo que continuará defendendo valores que considera importantes “de onde estiver”.
Pedido de prisão contra Ramagem
Ramagem teve a prisão preventiva decretada por Moraes na última sexta-feira (21/11) após ser localizado em um condomínio de luxo em North Miami, embora estivesse proibido de sair do Brasil por decisão do STF. Ele deveria ter entregue todos os passaportes enquanto é investigado em diferentes frentes.
A Polícia Federal apura como ocorreu a saída do parlamentar do território brasileiro. As informações iniciais indicam que ele deixou o país em setembro, após passar por Boa Vista (RR). Investigadores investigam se ele cruzou a fronteira pela Venezuela ou pela Guiana Francesa antes de seguir para os Estados Unidos.
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O deputado tem passaporte diplomático válido até 2027. Até agora, o STF não esclareceu se a cautelar que o impedia de viajar foi suspensa para permitir a ida aos EUA.
Condenação
Ramagem foi condenado a 16 anos e um mês de prisão por participação na trama golpista, em três dos cinco crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República. Ele também já havia sido indiciado pela PF no inquérito que apura a atuação da chamada Abin Paralela.
O processo está na fase de embargos. Os primeiros recursos foram rejeitados pela Primeira Turma do STF, e o prazo para apresentação dos segundos embargos termina nesta segunda-feira (24/11).
Mesmo após o trânsito em julgado, a execução da pena depende de autorização da Câmara dos Deputados. No pedido feito ao STF, parlamentares do PSol afirmam que a permanência de Ramagem no exterior representa risco de fuga e reforça a necessidade de prisão cautelar.
“O risco real de fuga justifica a decretação de prisão”, diz o documento. Para os deputados, a gravidade dos crimes imputados, entre eles tentativa de golpe e organização criminosa, exige intervenção urgente para garantir a aplicação da lei.