Autoridades dos governos da Rússia e dos Estados Unidos estão em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, para discutir uma proposta de paz na Ucrânia. De acordo com as emissoras CBS e a CNN, o secretário de Exército dos EUA, Dan Driscoll, lidera a comitiva norte-americana.
O encontro teve início na noite de segunda-feira (24/11) e será retomado nesta terça-feira (25). A pauta principal é a negociação de paz na Ucrânia. As emissoras não conseguiram confirmar quem faz parte da delegação russa.
O encontro ocorre dois dias depois de Driscoll e do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, encontrarem diplomatas da Ucrânia para negociações em Genebra, na Suíça.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pode visitar Washington nesta semana para discutir pontos delicados do acordo de paz proposto pelos Estados Unidos.
Entenda a proposta
O desenho do acordo coloca Volodymyr Zelensky, diante de um dilema histórico: aceitar concessões territoriais amplas à Rússia e condições militares rígidas impostas por Washington ou arriscar perder o apoio crucial dos EUA, enquanto Moscou de Vladimir Putin se encontra em uma posição privilegiada no tabuleiro.
O plano, elaborado pelo enviado especial norte-americano Steve Witkoff em negociações diretas com o negociador russo Kirill Dmitriev, sem participação europeia e inicialmente sem Kiev, contém 28 pontos.
O ponto mais delicado do documento, que faz Kiev estremecer, é a exigência de que a Ucrânia e aliados reconheçam como russas não apenas a Crimeia e o Donbass, mas todo o mosaico de territórios hoje ocupados por Moscou.
Crimeia, Lugansk e Donetsk deixariam de ser disputas diplomáticas e se tornariam russas de fato, com aval até dos Estados Unidos.
Já Kherson e Zaporíjia ficariam congeladas no tempo, presas à linha de combate atual, reconhecidas como estão, nem ucranianas plenamente, nem russas oficialmente.
Moscou, em troca, renunciaria a qualquer ambição além das cinco regiões já anexadas — embora mantivesse sob as mãos algumas áreas estratégicas.
O documento apresenta um mecanismo peculiar: um sistema de “arrendamento territorial”, pelo qual a Rússia pagaria à Ucrânia pela administração de áreas ocupadas, mesmo mantendo a autoridade militar sobre elas.
O plano impõe uma reconfiguração profunda ao aparato militar ucraniano. O Exército seria reduzido a 600 mil soldados, armas de longo alcance desapareceriam do arsenal e nenhuma tropa estrangeira poderia operar no país.
A Constituição passaria a registrar que a Ucrânia jamais ingressará na Otan.



Putin e Trump no Alasca em agosto de 2025
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Encontro entre Trump e Putin teve várias pautas
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Encontro de Trump e Zelensky
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Presidentes Donald Trump (EUA) e Volodymyr Zelensky (Ucrânia)
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O documento também busca reconfigurar a Ucrânia internamente. O russo se tornaria idioma oficial; Kiev teria de adotar normas europeias rígidas para proteção de minorias e liberdade religiosa; e programas educacionais conjuntos deveriam combater “racismo, preconceito e ideologias nazistas”.
Eleições nacionais seriam convocadas em até 100 dias, e todos os envolvidos nas ações da guerra — de ambos os lados — receberiam anistia total.




