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    EUA vão reduzir tráfego aéreo em 10% devido ao shutdown

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    A Casa Branca decidiu reduzir em 10% os voos programados para os 40 maiores aeroportos dos Estados Unidos a partir de sexta-feira (7/11). O anúncio foi feito pelo secretário de transportes, Sean Duffy, e o administrador da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), Bryan Bedford, que informaram que a medida será tomada como consequência do shutdown do governo dos EUA.

    A lista completa com os 40 aeroportos atingidos será divulgada nesta quinta-feira (6/11). A expectativa é que a medida atinja os principais terminais de Nova York, Washington DC, Los Angeles e mais.

    A redução afetará tanto o tráfego de cargas, quanto voos particulares e de passageiros. A empresa de análise de aviação Cirium estima que os cortes vão significar o cancelamento de mais de 1,8 mil voos e atingir 268 mil passageiros de companhias aéreas.

    Os representantes da Casa Branca informaram que a decisão é uma medida preventiva para garantir que o tráfego aéreo ocorra com segurança. De acordo com Bedford, a FAA passou a receber reclamações de que controladores de voo estavam trabalhando até a fadiga.

    “À medida que analisamos os dados com mais detalhes, vemos pressões se acumulando de uma forma que, se permitirmos que continuem sem controle, não nos permitirá afirmar ao público que operamos o sistema de aviação mais seguro do mundo”, disse Bedford.

    A redução de 10% visa diminuir o estresse dos controladores de tráfego aéreo, que trabalharam durante toda a paralisação sem receber salário.

    A decisão ocorre um dia depois da queda de um avião de carga da UPS em Louisville, no estado americano do Kentucky. 12 pessoas morreram, segundo autoridades locais. O governador Andy Beshear afirmou que o total de vítimas pode aumentar, já que equipes de resgate ainda buscam pessoas desaparecidas na área atingida. Há dezenas de feridos.

    A aeronave, um McDonnell Douglas MD-11, caiu nessa terça-feira (4/11) pouco depois de decolar do Aeroporto Internacional de Louisville com destino ao Havaí. O impacto destruiu ou danificou diversos prédios próximos e espalhou destroços em uma área de cerca de 800 metros de largura. Veja vídeo do acidente:

    Após o acidente, o Sean Duffy alertou para o risco de “caos generalizado” devido à escassez de controladores de tráfego aéreo.

      Shutdown mais longo da história

    O shutdown do governo dos Estados Unidos entrou, nesta quinta-feira (6/11), no 37º dia consecutivo, tornando-se oficialmente a maior paralisação da história americana. O impasse entre o presidente Donald Trump e o Congresso já afeta milhões de cidadãos, paralisa programas federais e ameaça o ritmo da economia da maior potência do mundo.

    Sem avanço nas negociações, republicanos e democratas seguem trocando acusações. A disputa, centrada no orçamento e em questões ligadas ao sistema de saúde e benefícios sociais, expôs mais uma vez o profundo bloqueio político em Washington.

    Linha do tempo da crise

    • A paralisação começou em 1º de outubro, após o Congresso falhar em aprovar o orçamento federal. No dia seguinte, a Casa Branca iniciou cortes de pessoal em diversas agências governamentais.
    • Em 10 de outubro, Donald Trump declarou pretender “demitir muitos” servidores que, segundo ele, estariam alinhados ao Partido Democrata.
    • Mesmo após uma decisão judicial suspender novas demissões, o governo manteve o plano de enxugamento e indicou que os desligamentos poderiam chegar a 10 mil funcionários caso o impasse persistisse.
    • O atual shutdown já supera as paralisações de 1995 e 2013, e agora ultrapassa a de 2018-2019, tornando-se a mais longa da história norte-americana, com 36 dias de duração

    Mais de 1 milhão de funcionários sem salário

    Com a paralisação já ultrapassando o recorde anterior — também sob o governo Trump —, mais de um milhão de servidores federais continuam sem receber. Parte deles é obrigada a comparecer ao trabalho, enquanto outros foram colocados em licença não remunerada, sem qualquer previsão de retorno.

    Embora uma lei determine o pagamento retroativo após o fim do shutdown, o governo norte-americano ainda não confirmou se aplicará a regra nesta nova crise. Os trabalhadores terceirizados, como faxineiros de museus e motoristas contratados, não têm sequer essa garantia.