O Galpão SIA 915 recebeu, nessa segunda-feira (17/11), a inauguração do projeto Galpão Encontros, dedicado a aproximar público, design e arte popular brasileira. A edição de estreia foi realizada em parceria com a Galeria de Arte Mário Britto, de Aracaju, que preparou uma mostra especial para a ocasião e conduziu uma conversa aberta sobre a potência do fazer manual no país.
A primeira edição do projeto reuniu o curador Mário Britto, o arquiteto Hélio Albuquerque e o colecionador Frederico Telho para uma roda de conversa sobre memória, fazer manual e o futuro da arte popular no Brasil. O espaço, pensado para fomentar o design brasileiro e brasiliense, recebeu artistas, colecionadores, arquitetos e apreciadores em uma atmosfera acolhedora — exatamente como definiu o curador Mário Britto, primeiro convidado da noite.
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Em uma fala forte e sensível, Mário Britto destacou como a pandemia reacendeu a consciência da casa como espaço sagrado, e como a arte se tornou central nesse processo de reconexão.
Segundo ele, a arte popular brasileira “se defende por si só”, pois carrega verdade, memória e narrativa.

“Quando você compra uma obra, ela te pertence porque te representa”, disse. O curador também refletiu sobre a fronteira entre o popular e o contemporâneo, que está cada vez mais fluida:
“O popular é o legado do fazer. O design é o dizer, o estudado. Mas ambos constroem o Brasil.”
Britto ainda citou o crescimento da produção que transita entre desenho, arquitetura e escultura, reforçando que o design é parte ancestral da criação humana e, portanto, intrínseco à arte brasileira.
Confira algumas das obras expostas no Galpão:
13 imagens



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Obras de arte da galeria Mario Britto
Pedro Iff/Metrópoles
Obras da galeria de arte Mario Britto
Pedro Iff/Metrópoles
Obras da galeria de arte Mario Britto
Pedro Iff/Metrópoles
Obras da galeria de arte Mario Britto
Pedro Iff/Metrópoles
Obras da galeria de arte Mario Britto
Pedro Iff/Metrópoles
Obras da galeria de arte Mario Britto
Pedro Iff/Metrópoles
Obras da galeria de arte Mario Britto
Pedro Iff/Metrópoles
Obras da galeria de arte Mario Britto
Pedro Iff/Metrópoles
Obras de arte da galeria Mario Britto
Pedro Iff/Metrópoles
Obras de arte da galeria Mario Britto
Pedro Iff/Metrópoles
Obras de arte da galeria Mario Britto
Pedro Iff/Metrópoles
Obras de arte da galeria Mario Britto
Pedro Iff/Metrópoles
Obras de arte da galeria Mario Britto
Pedro Iff/Metrópoles
Arte popular na arquitetura, sem estereótipos — por Hélio Albuquerque
O arquiteto Hélio Albuquerque trouxe ao público a perspectiva de quem integra a arte ao espaço construído.
Ele separou duas abordagens: a arte popular aplicada à arquitetura — por meio de materiais, tramas e estruturas — e a arte popular dentro do interior — por meio dos objetos e esculturas que ganham protagonismo na casa.

Hélio recordou seu primeiro contato profundo com a arte popular, durante a CASACOR 2021, quando decidiu estudar o tema com a orientação da colecionadora Bete Bettiol. A curadoria, segundo ele, o levou a compreender o valor simbólico e estético do fazer manual como elemento central na arquitetura contemporânea.
A trajetória de um colecionador
Responsável por uma das coleções mais completas e afetivas de arte popular da noite, Frederico Telho emocionou o público ao narrar como começou sua relação com a arte.
Crescido em uma casa onde quadros eram considerados supérfluos, Telho contou que só conseguiu romper esse bloqueio aos 25 anos — e sua primeira aquisição foi uma obra de Antônio Poteiro. A partir dali, sua coleção cresceu “com compulsão feliz”, como ele próprio definiu, tornando-se um acervo que reúne arte popular, moderna, contemporânea e clássica em convivência harmoniosa.
Em sua crítica mais contundente, Frederico destacou que coleções não devem ser moldadas por críticos, mas guiadas pelo olhar e pela emoção de quem coleciona.

Quando um artista popular cai no gosto de uma grande coleção, dizem que ele virou contemporâneo. Mas o trabalho é o mesmo. A crítica só muda o rótulo.
Frederico Telho
Ele citou o exemplo de Dalton Paula, antes visto como artista naif e, hoje, um grande nome da arte contemporânea internacional — prova viva de como classificações podem ser limitadas e tardias.
Galpão Encontros
Encerrando a noite, a anfitriã Elma explicou a motivação para lançar o projeto: o interesse crescente pela arte popular e o desejo de educar o público sobre sua importância histórica e estética.
“A arte popular sempre existiu, mas ainda havia muito preconceito. Hoje ela está nas feiras internacionais, nos museus, nos olhares do mundo inteiro.”
Elma lembrou nomes essenciais — de Poteiro e Véio às contemporâneas como Cida Lima e aos jovens talentos como Marcos de Sertânia — ressaltando que são artistas que transformam tocos de madeira, barro e memórias em narrativas do imaginário brasileiro.

A parceria com a Galeria Mário Britto, que agora mantém uma representação dentro do Galpão em Brasília, foi celebrada como início de uma nova fase. A proposta é rotativa, viva e conectada às camadas do Brasil que se faz com as mãos.
Uma noite de encontros — entre pessoas, gestos e histórias
A primeira edição do Galpão Encontros abriu o diálogo entre o design, a arquitetura e a arte popular de maneira sensível e profunda. O público foi convidado a rever paradigmas, ressignificar objetos e enxergar a potência do fazer manual como patrimônio cultural e estético do país. Um começo que já sinaliza um futuro fértil para a arte brasileira dentro do Galpão.
Confira no vídeo os melhores momentos da noite:
Veja quem compareceu ao evento, pelas lentes de Pedro Iff:




















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