A “fuga” do deputado bolsonarista Alexandre Ramagem (PL-RJ) para os Estados Unidos se tornou o novo capítulo da briga entre o PT e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deflagrada após a aprovação do PL Antifacção.
Nas últimas horas, petistas passaram a apontar uma possível “ajuda” da Mesa Diretora — presidida por Motta — para que Ramagem votasse à distância, ocultando que havia deixado o Brasil para tentar escapar da prisão pela trama golpista.
Deputado Alexandre Ramagem
Breno Esaki/Metrópoles
O deputado federal Alexandre Ramagem
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
O presidente da Câmara, Hugo Motta
KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo
A ação dos petistas irritou Motta, que já havia reclamado publicamente da postura do PT e do governo contra o PL Antifacção. Governistas argumentaram que o texto — que contou com a bênção do presidente da Câmara — retira recursos da Polícia Federal.
Incomodado com a nova ofensiva de petistas, Motta chegou a ligar, na quinta-feira (20/11), para o deputado Rogério Correia (PT-MG), um dos que fez comentários públicos acusando a Mesa Diretora da Câmara de ajudar Ramagem.
Leia também
-
Lula só pretende definir substituto de Messias na AGU em 2026
-
Reunião de Lula e Messias no Alvorada teve momento de oração
-
Lula recebe Messias e oficializa indicação do ministro ao STF
-
Deputado aliado de Bolsonaro avalia trocar PL por partido do Centrão
Na conversa, segundo apurou a coluna, o presidente da Câmara negou qualquer ajuda a Ramagem. Motta alegou que não sabia da fuga do bolsonarista e ressaltou que o deputado só ganhou o direito de votar remotamente porque apresentou atestados médicos.
Mesmo assim, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), protolou um requerimento pedindo esclarecimentos da mesa diretora sobre a situação de Ramagem.
“Pedi esclarecimentos sobre os atos administrativos envolvendo a suposta concessão de licença ‘médica’ e/ou autorização de saída do país, a aparente ausência de publicação no Diário Oficial, informações sobre eventual certificação de presença e possível utilização de celular no exterior para fins de marcar presença e realizar votação irregular à distância, com o objetivo de apurar o que aconteceu”, disse o petista.
A situação reforça o distanciamento da bancada governista em relação a Motta. Nas últimas semanas, o presidente da Câmara foi criticado por petistas, por insistir na indicação de Guilherme Derrite (PP-SP) como relator do PL Antifacção.
O quadro se agravou com a votação do texto na terça-feira (18/11), quando Motta bancou a última versão do relatório de Derrite. Com isso, lideranças petistas, como o próprio Lindbergh , fizeram críticas públicas ao presidente da Câmara.
“É claro que há uma crise de confiança. É claro que todos sabem que o presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] reclamou muito, porque o projeto é de autoria do Executivo. Não é a primeira vez que isso acontece”, declarou Lindbergh após a sessão de terça-feira.
A interlocutores, Motta admite que a relação com o PT e o governo hoje é péssima. Por ora, nenhum dos lados parece disposto a recuar. Mas o governo sabe que não pode esticar a corda demais, porque ainda depende da Câmara para aprovar algumas pautas.
