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    Galípolo diz que é obrigação do BC usar Selic para controlar inflação

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    O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou, nesta terça-feira (25/11), durante audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que é obrigação da instituição utilizar a taxa Selic para controlar a inflação do país.

    “A obrigação do Banco Central é usar a taxa de juros (Selic) para perseguir a meta de inflação. O comando legal me dado foi esse: ‘você tem esse instrumento para perseguir a meta de inflação’”, disse Galípolo.

    A afirmação dso chefe do BC foi realizada em resposta a um questionamento feito pelo presidente da CAE, senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre o atual patamar da Selic: 15% ao ano.

    Galípolo lembrou que a meta anual de infação é 3% e mencionou as projeções do Boletim Focus, que indicam que ele vai completar o mandato à frente do BC sem alcançar o centro da meta.

    “Quando eu olho para projeções futuras o que eu vejo, a gente tem a pesquisa Focus. As projeções do Focus mostram que o Banco Central não vai cumprir a meta durante todo meu mandato”, destacou.

    “Vamos lembrar sempre a meta (da inflação) não é a banda superior. A meta é 3%, eu tenho de perseguir a meta de 3%”, ressaltou.

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    A taxa de inflação acumulada nos últimos 12 meses, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está em 4,68%, portanto, fora da meta.

    A meta de inflação do Brasil é 3%. No entanto, há tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Por este motivo, é tolerável um índice de 1,5% a 4,5%.

    A taxa Selic é definida pelo Banco Central. Ela norteia os juros que são cobrados em operações de crédito. Com isto, o mecanismo tem o poder de influenciar o ritmo de dinheiro em circulação, fator determinante para a inflação.

    Perspectiva

    No último dia 17, o Boletim Focus, do BC, que ouve o mercado aponta expectativa de inflação abaixo do teto da meta, com índice de 4,46%. A projeção foi atualizada nessa segunda-feira (24/11) para 4,45%.

    Galípolo participa nesta terça de uma audiência pública na CAE do Senado para esclarecer um suposto “acordo de leniência” assinado pelo antecessor dele, Roberto Campos Neto, e a respeito do funcionamento da contas “bolsão”, mecanismo utilizado por fintechs para movimentações financeiras.

    A conta Bolsão

    Trata-se, em linhas gerais, de uma conta bancária de pessoa jurídica, aberta por uma fintech, que funciona como uma espécie de “reservatório” para a movimentação mais fácil de dinheiro de muitos clientes. Ela também é chamada de “conta ônibus”.

    Na prática, esse tipo de conta acaba tornando as transações de terceiros mais difíceis de serem rastreadas, o que dificulta a detecção de crimes financeiros. Segundo as investigações, essas fintechs usavam as contas em bancos comerciais para esconder a origem e os destinatários dos valores – criando uma camada adicional entre o cliente final e a instituição financeira tradicional.