A dificuldade para perder gordura localizada é uma das queixas mais comuns entre quem tenta mudar a composição corporal. Mesmo com dieta e exercícios, braços, abdômen, coxas ou quadris podem demorar mais para apresentar mudanças visíveis, o que alimenta a sensação de que essas áreas simplesmente não respondem.
No entanto, o processo é mais complexo. O corpo queima gordura de forma global, e não por regiões isoladas, o que faz com que áreas com maior acúmulo sejam as últimas a mostrar redução. Além disso, fatores como diferenças entre homens e mulheres, oscilações hormonais em fases específicas da vida e até predisposição genética ajudam a determinar o ritmo da perda de gordura.
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Como o corpo realmente elimina a gordura localizada
A gordura localizada faz parte do tecido adiposo subcutâneo, que funciona como reserva de energia para o corpo. Essa estrutura diminui de volume quando o organismo precisa usar o estoque, algo que acontece em um cenário de déficit calórico.
Já a redução, porém, não aparece de forma igual em todas as áreas. Certas regiões demoram mais para mudar porque acumulam uma quantidade maior de gordura. Por isso, mesmo que o corpo esteja queimando o estoque de maneira geral, a percepção visual é mais lenta onde o volume é mais concentrado.
Fatores que influenciam na queima de gordura localizada
A endocrinologista Andressa Heimbecher, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), explica que essa diferença de resposta também tem relação com os hormônios que modulam a distribuição de gordura.
“Algumas fases da vida favorecem o aumento de depósitos. Alterações após a gestação, na adolescência ou na menopausa modificam a sensibilidade do tecido adiposo, o que torna certas regiões ainda mais lentas para responder”, afirma Andressa.
Alterações clínicas, como hipotireoidismo, variações de cortisol e redução de testosterona relacionada à obesidade, também tornam a queima mais lenta. Em muitos casos, tratar o desequilíbrio hormonal ajuda a reduzir de forma mais eficiente o acúmulo.
Além disso, a distribuição de gordura segue um padrão que varia conforme sexo, hormônios e genética. Homens costumam acumular mais na região abdominal; mulheres, em coxas e glúteos. Essa diferença é guiada pela ação dos hormônios sexuais, que orientam o corpo a estocar energia de formas diferentes.
Déficit calórico funciona, mas não faz tudo sozinho
O déficit calórico é necessário para qualquer processo de perda de gordura, mas não resolve todos os casos. Reduções muito grandes de calorias podem diminuir a massa magra e desacelerar o metabolismo, deixando o processo ainda mais lento.
Um déficit moderado, aliado a treinos de força, preserva o músculo e mantém o gasto energético alto. Esse equilíbrio favorece a redução de gordura de maneira mais estável.
Nessas situações, intervenções complementares podem acelerar a resposta local enquanto o corpo reduz a gordura de forma global.
Papel da alimentação na redução de gordura localizada
A alimentação define o ambiente metabólico em que o corpo decide usar ou armazenar gordura. Por isso, se a dieta for rica em açúcar, gordura saturada e ultraprocessados, o organismo tende a estocar mais, principalmente em regiões naturalmente sensíveis ao acúmulo.
Uma dieta estruturada, com boa distribuição de proteínas, fibras e gorduras de qualidade, melhora a sensibilidade do organismo aos próprios hormônios. Isso deixa o corpo mais eficiente na liberação dos estoques, ainda que a perda visual demore.
“Estratégias envolvendo jejum intermitente, nutracêuticos termogênicos e protocolos que reduzem a fome ajudam o corpo a manter o déficit calórico e aceleram a liberação da gordura acumulada”, destaca o médico nutrólogo Márcio Passos, de São Paulo.
Além disso, refeições equilibradas ajudam a controlar a fome, estabilizar a glicemia e reduzir inflamações que dificultam o uso da gordura armazenada. Esses ajustes criam um ambiente mais favorável para que o organismo consiga acessar os estoques acumulados.
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