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Hapvida e os mistérios de um das maiores quedas da história da B3

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Hapvida e os mistérios de um das maiores quedas da história da B3

No último dia 13 de novembro, a Hapvida registrou uma das maiores quedas da Bolsa de Valores. Despencou 43% em um único dia após a empresa apresentar o balanço do último trimestre.

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O tombo histórico, no entanto, ocorreu após uma vertiginosa e constante queda dos valores dos papéis da empresa. O gráfico da variação do valor das ações da Hapvida parece o tradicional pesadelo da queda sem fim – com momentos de queda livre e outros de tombo lento após uma série de tropeços.

Transformando em números — ou em dinheiro –, o cenário parece ainda pior: em quatro anos, 0 valor da empresa, considerada a maior de saúde da América Latina, despencou de R$ 110 bilhões (com a fusão com a Notre Dame, em 2021) para R$ 8 bilhões.

A Hapvida estreou na B3 em 2018. Valia R$ 16 bilhões, a ação custava R$ 260. Hoje, custa R$ 17. O tombo mais recente desencadeou uma série de análises sobre a situação da empresa, mas nenhum parece alcançar uma perda tão grande.

Especialistas apontaram o resultado operacional da empresa como motivo da queda. Medido pelo Ebitda, sigla em inglês para “lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização”, ficou em R$ 746,4 milhões, uma queda de 17,6% na mesma base de comparação.

Também foi apontada a possível movimentação de saída de grandes investidores, o que se confirmou em parte. Fundos administrados pela SPX Gestão de Recursos venderam parte de sua participação. A gestora reduziu a participação acionária de 5% para 3,72%. Na carta enviada pela gestora para a Hapvida, ela não especifica o motivo para a venda dos papéis.

Ao mesmo tempo, a família de Jorge Fontoura Pinheiro Koren de Lima, CEO da Hapvida, adquiriu papéis no mercado e passou a deter 196,8 milhões de ações da empresa.

Para muitos analistas, nem os números nem a movimentação de grandes acionistas explicam o tombo. Os números podem não terem sido bons, mas a queda foi muito abaixo dos 47% de oscilação negativa nas ações. E durante a queda foram negociadas 124 milhões de ações (cerca de 40% do capital flutuante), bem mais do que o transacionado pela família fundadora e pelos fundos da SPX.

Há quem fale de uma “crise de confiança”, já que a Hapvida tem “prometido” resultados melhores do que tem entregado e o cenário complicado para o setor, com menor crescimento e aumento de custos. Ao mesmo tempo, a Hapvida enfrenta uma “crise de imagem” com milhares de reclamações e processos judiciais.

Nenhum argumento parece, no entanto, suficiente — nem todos eles combinados. A queda histórica da Americanas, de quase 80%, por exemplo, aconteceu por um motivo bem mais claro: o anúncio da empresa sobre uma fraude de R$ 25 bilhões — que depois se revelaria ainda maior.

No caso da Hapvida fica a impressão de que o anúncio ainda não foi feito e que há pessoas que sabem mais sobre o caixa da empresa do que o que consta no balanço.

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