A cidade de Araras, no interior de São Paulo, confirmou a primeira morte por febre maculosa deste ano, nesta quarta-feira (26/11). A vítima é um homem de 34 anos, que morreu no dia 3 de novembro.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, em 2025, já são 28 casos suspeitos notificados na cidade — sendo dois deles positivos. A febre maculosa é uma doença infecciosa grave causada por uma bactéria transmitida pela picada de carrapatos infectados.
O homem teria sido picado enquanto fazia uma trilha, mas buscou ajuda somente após 14 dias, conforme a prefeitura de Araras.
Médico alerta para cuidados necessários
O médico da Vigilância Epidemiológica municipal, Rodrigo Klein, recomenda que as pessoas que tiverem contato com ambientes de mata, floresta, rios, cachoeiras e represas observem possíveis sintomas da doença. Em caso de febre alta, dor de cabeça, dores no corpo, manchas avermelhadas na pele e mal-estar, o atendimento médico deve ser procurado imediatamente.
“Orientamos a pessoa que frequentou ambientes de mata, floresta, rios, cachoeiras e represas, observar sintomas como febre alta, dor de cabeça, dores no corpo, manchas avermelhadas na pele e mal-estar. Também é sempre muito importante avisar aos médicos e enfermeiros que fazem o primeiro atendimento, que teve contato com o carrapato”, afirmou o médico infectologista.
Outros sintomas também podem aparecer como náuseas e vômitos, hipotensão, baixa ou nenhuma produção de urina, dor abdominal, diarreia, icterícia, manifestações hemorrágicas, prostração ou alterações respiratórias. “Diante de qualquer sintoma é preciso buscar atendimento médico o mais rápido possível, a evolução da doença é rápida e pode ser fatal”, enfatizou Klein.
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Nos últimos cinco anos, Araras registrou mais casos positivos da febre maculosa em 2020, com cinco no total. Veja os números abaixo:
- 2020 – 26 suspeitos notificados, 5 positivos e 2 óbitos
- 2021 – 20 suspeitos notificados, 2 positivos e 2 óbitos
- 2022 – 30 suspeitos notificados, 1 positivo e 0 óbitos
- 2023 – 59 suspeitos notificados, 1 positivo e 0 óbitos
- 2024 – 27 suspeitos notificados, 1 positivo e 1 óbito
- 2025 – 28 suspeitos notificados, 2 positivos e 1 óbito
Febre maculosa
A febre maculosa tem cura, mas o tratamento precisa ser iniciado precocemente com antibióticos adequados. O principal sintoma da doença é a febre alta, que pode ser confundida com outras enfermidades.
“Por isso, é importante que o médico sempre pergunte, ou que o paciente relate que esteve em área de vegetação com presença de carrapato ou capivara. Com esse histórico, o tratamento deve ser iniciado imediatamente”, diz Andrea von Zuben, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), de Campinas.
Os principais sintomas da doença são:
- Febre;
- Dor de cabeça intensa;
- Náuseas e vômitos;
- Diarreia e dor abdominal;
- Dor muscular constante;
- Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés;
- Gangrena nos dedos e orelhas;
- Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória.
Na evolução da Maculosa, também é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.
Como é a transmissão?
A transmissão da doença ocorre em ambientes silvestres, nos quais exista o carrapato Amblyomma cajennense, popularmente conhecido como carrapato-estrela. Para que ocorra a transmissão, é necessário que o carrapato fique fixado na pele por um período de cerca de 4 horas.
Como se proteger:
Ao realizar trilhas e atividades de lazer ao ar livre, algumas precauções devem ser tomadas para evitar a febre maculosa:
- Evitar caminhar, sentar e deitar em gramados e em áreas de conhecida infestação de carrapatos;
- Em áreas silvestres, realizar vistorias no corpo em busca de carrapatos em intervalos de três horas para diminuir o risco de contrair a doença;
- Se forem verificados carrapatos no corpo, não esmagar o carrapato com as unhas, pois ele pode liberar as bactérias e infectar partes do corpo com lesões;
- Se encontrar o parasita, ele deve ser retirado de leve com torções e com auxílio de pinça, evitando contato com as unhas. Quanto mais rápido forem retirados, menor a chance de infecção;
- Utilizar barreiras físicas, como calças compridas, com a parte inferior por dentro das botas ou meias grossas;
- Utilização de roupas claras para facilitar a visualização e retirada dos carrapatos.
