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    Imagine quem se rói de inveja de Alexandre Ramagem, o fujão

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    Até o início da madrugada de hoje, o que se sabia era que o deputado federal Alexandre Ramagem, do PL de Bolsonaro, ao que tudo indica atravessou de carro a fronteira do Brasil com um país vizinho, talvez a Argentina como fez sua ex-colega Carla Zambelli, também do PL. E de lá, valendo-se de um passaporte diplomático, voou para Miami, acompanhado da mulher e filhas.

    A confirmar-se a história, ele e a família podem ter ido às compras ou pegar um bronze, e voltarão logo. Ou então decidiram ficar de uma vez por lá, ou de lá migrarem para outro lugar na condição de refugiados. Afinal, Ramagem, em setembro último, foi condenado a 16 anos e 1 mês de prisão como um dos integrantes do chamado núcleo crucial da tentativa fracassada de golpe de Estado.

    Não foi preso, como preso estão alguns dos golpistas. Mas estava proibido de sair do Brasil pelo Supremo Tribunal Federal. Ramagem cuidou da segurança de Bolsonaro depois da facada que o ex-presidente levou em Juiz de Fora em setembro de 2018, ainda como candidato.  Em julho de 2019, Bolsonaro o nomeou Diretor-Geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

    Em abril de 2020, Ramagem foi nomeado por Bolsonaro para o cargo de Diretor-Geral da Polícia Federal. Cinco dias depois, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a nomeação alegando “inobservância aos princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade e do interesse público”. Desvio de finalidade ocorre quando um ato não atende aos princípios que deveria obedecer.

    Ramagem não pegou em armas para abolir a democracia, nem participou da elaboração do plano para matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, seu xará. Mas usou a estrutura da Abin para vigiar adversários políticos de Bolsonaro e reforçar os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral, segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República aceita pelo Supremo.

    Valdemar Costa Neto, presidente do PP, disse que somente ontem à noite foi informado sobre a presença de Ramagem em Miami. Por sua vez, a Câmara disse que “não foi autorizada missão oficial no exterior para o deputado Ramagem, tampouco houve comunicação de afastamento do parlamentar do território nacional.” Ramagem pode ser declarado fugitivo da Justiça.

    Em maio passado, Zambelli preferiu refugiar-se na Itália por descender de italianos. Foi presa em Roma e deverá ser devolvida ao Brasil para cumprir pena de 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça, e mais 5 anos e 3 meses prisão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.

    Ramagem poderá ter melhor sorte. Se depender de Trump, ele não será devolvido ao Brasil.

    À espera de ser preso na próxima semana, Bolsonaro deve estar se roendo de inveja de Ramagem.

     

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