Ataques aéreos do Exército de Israel deixaram ao menos 33 mortos em diversos pontos da Faixa de Gaza. A ação militar ocorreu nessa quinta-feira (20/11) — no horário local — e tornou-se a mais violenta desde a assinatura do acordo de cessar-fogo, em outubro deste ano.
Israel confirmou o ataque e alegou ter sido uma resposta após soldados israelenses terem sido feridos em Khan Younis, no sul de Gaza. O Hamas, grupo extremista que controla o território palestino, negou o ataque.
Autoridades de um hospital em Khan Younis informaram ter recebido os corpos de 17 pessoas, incluindo cinco mulheres e cinco crianças. Já na Cidade de Gaza, ataques aéreos mataram 16 palestinos, incluindo sete crianças e três mulheres.
O Hamas afirma que Israel matou mais de 300 palestinos desde a assinatura do acordo do cessar-fogo mediado por Estados Unidos, Egito, Catar e Turquia, em 10 de outubro.
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Na última segunda-feira (17/11), o Conselho de Segurança da ONU aprovou o plano de paz apresentado pelo governo de Donald Trump para a reconstrução de Gaza, abrindo um novo capítulo nas negociações após dois anos de guerra entre Israel e o Hamas. A resolução, considerada crucial para manter o frágil cessar-fogo em vigor, recebeu 13 votos a favor e duas abstenções — China e Rússia — sem vetos.
O texto autoriza a entrada de uma força internacional de estabilização, responsável por garantir segurança, supervisionar fronteiras, coordenar ajuda humanitária e conduzir o processo de desmilitarização do território.
A autorização vale até o fim de 2027. Países árabes e muçulmanos que sinalizaram interesse em enviar tropas consideravam essencial ter respaldo do Conselho de Segurança.
Caminho para um Estado palestino
Após intensas negociações, o governo norte-americano aceitou reforçar no texto o compromisso com a autodeterminação palestina, um ponto exigido por países árabes.
A versão final afirma que, após reformas na Autoridade Palestina e avanços na reconstrução de Gaza, “as condições poderão finalmente estar reunidas para um caminho crível rumo à criação de um Estado palestino”.
A inclusão desagradou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que se disse contrário a qualquer iniciativa que avance nessa direção.
Conselho de Paz
O plano, de 20 pontos, prevê a criação de um Conselho de Paz, ainda a ser estabelecido, como autoridade de transição — órgão que poderia ser presidido pelo próprio republicano. A resolução concede à força de estabilização um amplo mandato, incluindo o uso de “todas as medidas necessárias” para cumprir suas funções, linguagem que permite operações militares.
As tropas internacionais deverão atuar em conjunto com uma força policial palestina treinada por elas e coordenar ações com Egito e Israel, países vizinhos.
Conforme a força for assumindo o controle do território, as forças israelenses deverão se retirar de Gaza, seguindo padrões e prazos vinculados ao progresso da desmilitarização.
A aprovação ocorreu dias após a Rússia apresentar uma proposta alternativa defendendo explicitamente um Estado palestino e descartando o Conselho de Transição proposto pelos EUA.
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Benjamin Netanyahu e Trump no parlamento, em Jerusalém
Saul Loeb – Pool/Getty Images
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FAIXA DE GAZA – 10 DE OUTUBRO: Palestinos carregando seus pertences retornam às suas casas após o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza em 10 de outubro de 2025
Hassan Jedi/Anadolu via Getty Images
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O presidente dos EUA, Donald Trump
Reprodução/CNN
No último sábado, o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, havia informado que a lista de membros do comitê palestino responsável pela administração da Faixa de Gaza durante o período de transição já foi aprovada.
O chanceler afirmou que os membros do comitê não estão envolvidos na política, mas são nomes “bem conhecidos” e aceitos na região. “O comitê palestino assumirá a administração diária de Gaza. Precisaremos criar a força policial, e isso levará tempo. Esse período cria vulnerabilidade e será difícil garantir a entrega da ajuda nas quantidades necessárias durante esse tempo”, acrescentou.
