A greve do jornalistas italianos começou às 6h da manhã desta sexta-feira (28/11) e tem duração de 24 horas. Durante esse período, sites e redes sociais dos jornais não estão sendo atualizados. Um aviso nas primeiras páginas informa os leitores sobre a paralisação. O Il Post escreveu: “Toda a redação do Post decidiu aderir por solidariedade à categoria e não contra a empresa e a direção, que se mostraram solidárias e compreensivas. (…) Estamos conscientes do transtorno e da excepcionalidade de um dia sem notícias no site”.
A exibição de vários programas de TV também foi cancelada. A RAI, rede estatal de rádio e televisão, reduziu para 10 minutos a edição dos telejornais e para 6 minutos as transmissões radiofônicas. A emissora afirmou que retomaria os trabalhos em caso de desastres naturais ou de acontecimentos de grande impacto social considerados imprescindíveis para o público.
O impacto da paralisação ainda será sentido no sábado (29/11), já que alguns jornais impressos não irão circular.
O papa Leão XIV, em sua primeira viagem internacional, à Turquia, foi informado pelos jornalistas italianos que o acompanham sobre os motivos da greve.
A categoria pressiona por um novo contrato coletivo de trabalho, vencido desde 2016. O sindicato FNSI (Federação Nacional da Imprensa Italiana) denuncia a estagnação salarial e afirma que, com a inflação, o poder de compra dos profissionais caiu cerca de 20% em uma década. Critica também a crescente precarização e a falta de regulamentação do uso da inteligência artificial.
Em nota, a Federação Italiana de Editores de Jornais (FIEG), que representa os principais grupos de mídia e conduz as negociações com o sindicato, afirma que a renovação do contrato também é do interesse das empresas, mas acusa a FNSI de se recusar a discutir a modernização de um acordo considerado ultrapassado. A entidade alega ainda que têm sido feitos investimentos significativos na qualidade do emprego, mesmo em meio a um cenário econômico “dramático”.
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Greve geral contra a Lei Orçamentária de 2026
Além dos jornalistas, outros setores também declararam greve geral sexta (28), em especial transportes e educação.
Nas principais estações ferroviárias, em Milão, Roma e Nápoles, os painéis de chegadas e partidas exibiam longas listas de cancelamentos e atrasos. A paralisação envolve trabalhadores da Trenitalia, Trenord e Italo, e os serviços devem ser normalizados às 21h. Funcionários do setor aéreo também aderiram, provocando o cancelamento e atrasos de voos regionais.
O protesto é contra a proposta da Lei Orçamentária de 2026, em discussão no Parlamento italiano. Os sindicatos exigem maiores investimentos em saúde, educação e transportes, e se opõem aos gastos com rearmamento militar e políticas ligadas à economia de guerra.
Neste contexto, protestos em apoio à Palestina ocorreram em várias cidades italianas. Os manifestantes acusam o governo e a União Europeia de serem cúmplices da agressão contra o povo palestino.
Em Gênova, na região da Ligúria, o ato contou com a participação de ativistas humanitários, incluindo a sueca Greta Thunberg e a relatora especial da ONU para os territórios palestinos, Francesca Albanese.
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