O ex-estagiário da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que deu cinco facadas no ex-namorado, de 25 anos, nas dependências da empresa, perseguiu a vítima durante um ano e tentou esfaqueá-la dentro do apartamento onde o jovem vive, em 25 de setembro, na Universidade de Brasília (UnB). O ataque ocorreu uma semana antes do esfaqueamento, dentro no laboratório da Embrapa. Enzo Cardoso Vaz Ribeiro, 22 anos, segue preso na Papuda e foi denunciado pelo Ministério Público do DF (MPDFT).
O crime ocorreu por volta das 12h40 do dia 6 de outubro deste ano e é investigado pela 5ª Delegacia de Polícia (Área Central). Enzo invadiu as dependências da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, na Asa Norte, atacou o ex-namorado e chegou a perseguir também funcionários que estavam no local, com a faca na mão.
Mais detalhes:
- No momento da agressão, uma outra pesquisadora gritou por ajuda, e outro servidor conseguiu conter Enzo até a chegada da Polícia Militar (PMDF).
 - Os militares realizaram a prisão do ex-estagiário e o conduziram para delegacia. O caso é investigado como tentativa de homicídio.
 - Durante a ação, foram apreendidas duas facas sob a posse do agressor – uma delas estava escondida na mochila que o autor carregava.
 
A vítima dos ataques, que preferiu não se identificar por medo do agressor, resolveu falar publicamente sobre o ataque e as perseguições que vinha sofrendo. “Quero mostrar para a sociedade o monstro que ele é”, disse a vítima.
O aluno da UnB, que mora na Casa do Estudante (CEU), relatou que os dois tiveram um breve relacionamento, que foi rompido há cerca de 1 ano. Desde então, a vida da vítima virou um filme de terror. Segundo o universitário, o ex-estagiário da Embrapa não aceitou o término e iniciou uma série de perseguições.
“Ele chegou a me perseguir pelos corredores da UnB. Tentou várias vezes forçar a porta na minha residência na Casa do Estudante, furtou objetos pessoais e mandava mensagens para pessoas que me seguem no Instagram, questionando qual a relação delas comigo”, relatou.
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A situação saiu de controle uma semana antes do ataque na Embrapa, quando Enzo bateu à porta da casa do jovem se identificando com o nome de outra pessoa. “Ele veio no meu apartamento, bateu na minha porta usando um nome falso e quando abri pra ver quem era, ele estava com uma faca, mas eu consegui fechar a porta antes que ele me atacasse”, relatou a vítima.
O pesquisador da Embrapa foi atacada por Enzo dentro do laboratório onde trabalhava, travou luta corporal e conseguiu fugir mesmo após as facadas. “Ele jogou o spray em mim, acabou me cegando, mas eu me debati, consegui fugir e escapar dele”, contou.
Veja novas imagens do crime:
Material cedido ao Metrópoles
Material cedido ao Metrópoles
Material cedido ao Metrópoles
Material cedido ao Metrópoles
A vítima ficou ferida e teve de ser internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Hospital de Base (HBDF), após passar por cirurgia na mão.
Crime premeditado
Segundo o estudante da UnB, o crime na visão dele foi premeditado. “Eu já estava esperando este ataque porque ele me perseguia há 1 ano e eu já tinha feito vários boletins de ocorrência e nada foi feito. Ele é uma pessoa extremamente violenta e calculista, ele premeditou esse ataque”, disse o aluno.
A vítima argumenta que solicitou a transferência de apartamento um dia após Enzo tentar invadir a residência. “A situação atingiu um ponto crítico e eu temo concretamente pela minha vida”, disse ao detalhar a tentativa de invasão de domicílio no e-mail, encaminhado à universidade. Porém, não obteve resposta.
Veja o e-mail:
“A casa estudantil é exposta, não tem cercamento, não tem segurança e o meu apartamento é no térreo. Então, estou totalmente exposto”, contou.
Mesmo com o autor do crime estando preso preventivamente, o estudante teme pela própria vida e disse estar em depressão profunda, com sequelas físicas. “Estou totalmente traumatizado e sem conseguir sair de casa”.
Três boletins de ocorrência foram registrados contra Enzo, por perseguição, stalking, importunação na moradia, furto e importunação digital. Outros crimes estão sendo investigados, mas ainda carecem de comprovação.
Denunciado pelo MPDFT
Com o inquérito policial finalizado, o MPDFT ofereceu denúncia no último dia 20 de outubro contra Enzo Cardoso Vaz por crime contra a vida, homicídio qualificado e crime tentado. O autor dos ataques, que segue preso no Complexo Penitenciário da Papuda, foi intimado para que apresentasse sua defesa.
Em nota, a UnB disse que Enzo Cardoso responde a processo disciplinar discente e que “eventuais sanções serão aplicadas após a conclusão do devido processo”. A universidade disse, ainda, que “reforçou as medidas de segurança da Casa do Estudante Universitário da Pós-Graduação e acolheu o estudante vítima, oferecendo acompanhamento por meio de suas instâncias competentes, com atenção à integridade e ao bem-estar da comunidade universitária”.
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