Representantes do setor privado atuantes no bloco do Mercosul reuniram-se nesta quinta-feira (6/11), no Rio de Janeiro, com o objetivo de debater as expectativas empresariais diante do cenário de transformação do comércio internacional, no âmbito da V Conferência Internacional de Comércio e Serviços do Mercosul (CI25). O evento é realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Um dos temas em destaque no encontro promovido pela CNI foi o anúncio da data de assinatura do acordo de livre comércio entre o bloco sul-americano e a União Europeia, que está marcada para o dia 20 de dezembro deste ano.
Após uma reunião entre o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira deu uma previsão de assinatura para o acordo entre os blocos sulamericano e europeu.
“A reunião foi excelente. Se discutiu a questão climática da COP em si, e também a questão bi-regional do acordo Mercosul-UE. Ela reafirmou sua esperança de que o acordo seja assinado no dia 20/12, no Rio de Janeiro, na Cúpula do Mercosul”, disse Vieira.
Em um painel denominado Expectativas do Setor Privado para o Cenário Latino-Americano e Global, estiveram os presidentes das Câmaras de Comércio de Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e Bolívia.
A questão das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e a outros emergentes esteve em pauta no painel aberto pelo presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros. “Só tem uma maneira de resolver tudo isso: diversificando os mercados e montando estrutura de segurança jurídica, democracia e respeito à livre-iniciativa”, afirmou Tadros.
O presidente da CNC sugeriu mudança estratégica na organização das futuras reuniões do bloco. “Precisamos que os encontros do Mercosul sejam realizados nos outros países além de Brasil e Argentina, como Chile, Uruguai e Paraguai, para que todos sintam como funciona o bloco nessas regiões. Isso cria consciência e compromisso”, recomendou Tadros.
Argentina
Já o presidente da Câmara Argentina de Comércio e Serviços (CAC), Natalio Grinman, valorizou o potencial do Mercosul ao expor números sobre a dimensão do bloco. “Estamos falando de um bloco de 13 milhões de quilômetros quadrados, 275 milhões de habitantes, representando mais de 82% do PIB do continente sul-americano”, afirmou Grinman.
O contexto formado após a eleição do presidente da Bolívia, Rodrigo Paz, foi celebrado pelo presidente da Câmara Nacional de Comércio da Bolívia (CNC Bolívia), Eduardo Olivo Gamarra. No entendimento de Gamarra, o país entrou em um novo período após duas décadas de uma política protecionista.
“Para a Bolívia, é muito importante ser parte do Corredor Bioceânico para ser chave da distribuição de produtos no Mercosul. Falta-nos muito pouco para estar internamente conectados com todo o continente”, afirmou Gamarra.
Chile
O presidente da Câmara Nacional de Comércio e Serviços do Chile (CNC Chile), José Pakomio Torres, destacou a importância de observar os pontos de melhoria do Mercosul e atuar em conjunto para fortalecer os integrantes do país.
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“Que nos identifiquemos neste Mercosul que parece imperfeito, mas que é uma oportunidade de aperfeiçoar para beneficiar social e economicamente nossos países, pois somos responsáveis pelo crescimento de nossos países”, avaliou Torres.
Paraguai
A integração com os vizinhos foi destacada pelo presidente da Câmara Nacional de Comércio e Serviços do Paraguai (CNCSP), Ricardo dos Santos. “Vivemos uma necessidade de integração constante ao Mercosul. O Brasil é um grande sócio, a Argentina também tem investidores enormes, o Uruguai, da mesma maneira com o gado e o campo, assim como o Chile é grande comprador de carne paraguaia, e a Bolívia fortalece laços com investimentos diversos. Estar no Mercosul é fundamental para o Paraguai, não teríamos outra maneira”, afirmou Santos.
Uruguai
A vice-presidente da Câmara de Comércio e Serviços do Uruguai (CCSUy), Anabela Aldaz, pontuou que o setor privado deve ser protagonsita dentro do Mercosul. “Acredito que o setor privado tem um chamado que não pode ignorar. Somos líderes nacionais que representam essas empresas pequenas, as médias e as grandes, que precisam deste tipo de instituição como o Mercosul”, declarou Anabela.
Criada em 1992, Conferência Internacional de Comércio e Serviços do Mercosul é organizada pelo Conselho de Câmaras de Comércio do Mercosul (CCCM).
