O presidente Luiz Inácio Lula da Silva agradeceu a decisão do governo dos Estados Unidos de derrubar a tarifa de 40% sobre alguns produtos agrícolas brasileiros, como carne bovina, café e cacau. Em vídeo publicado nas redes sociais, nesta quinta-feira (20/11), o brasileiro destacou a retomada do diálogo com a Casa Branca, mas disse que ainda é preciso avançar mais.
“Não é tudo que o Brasil quer, não é tudo que o Brasil precisa, mas é importante”, disse o presidente. A alíquota adicional de 40% segue sobre alguns produtos brasileiros, como máquinas e implementos agrícolas, veículos e autopeças, aço e derivados siderúrgicos, produtos químicos específicos, têxteis e calçados.
“(Trump), eu vou lhe agradecer só parcialmente, vou agradecer totalmente quando tudo tiver acordado entre nós. Se em apenas duas conversas já chegamos ao que chegamos hoje, com três a quatro conversas vamos fazer com que Brasil e Estados Unidos vivam em harmonia, politicamente e comercialmente. Obrigado pela decisão”, disse. Confira o vídeo
Segundo texto publicado pelo governo Trump, a Casa Branca considera que houve “progresso inicial” nas negociações conduzidas após uma conversa telefônica entre Trump e o Lula, em 6 de outubro. O diálogo abriu caminho para uma revisão da medida punitiva, adotada sob justificativa de que políticas do governo brasileiro representariam uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança e aos interesses econômicos dos EUA.
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No vídeo, gravado nesta quinta-feira no Salão do Automóvel, em São Paulo, Lula aparece ao lado dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Indústria, Geraldo Alckmin, e os chama de “meus negociadores com o governo americano para discutir o comércio entre Brasil e Estados Unidos”.
Para Alckmin — que assumirá à presidência do Brasil na sexta-feira, quando Lula embarca para reunião do G20 na África do Sul —, a retirada das tarifas significará “avanços, emprego, desenvolvimento e mais comércio exterior”.
Já Haddad, afirmou que o diálogo de Lula fez o “bom senso prevalecer”. “O que interessa não é esse tipo de sanção, de mal entendido, o que interessa é adensar as cadeias produtivas [entre Brasil e EUA], é aproveitar os nosso minerais, para produzir bateria aqui, carro elétrico aqui”, disse o ministro.
Início do tarifaço
- Em abril, o país já havia sido alvo de um tarifaço global de 10%.
- Após sair em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Trump ameaçou aumentar as tarifas sobre exportações brasileiras.
- O líder norte-americano alegou que o Brasil não está “sendo bom” para os EUA.
- As tarifas de 40% impostas por Trump entraram em vigor em 1º de agosto, somando-se a sobretaxas anteriores.
- Ao aplicar ampliar as tarifas sobre o Brasil, Trump associou a decisão ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF.
Na última sexta-feira (14/11), o governo norte-americano já havia anunciado a retirada das tarifas globais de 10%, mas alguns setores brasileiros ainda continuavam taxados com 40%. A ordem, assinada pelo presidente Donald Trump nesta quinta-feira, é válida para produtos que entraram nos Estados Unidos a partir de 13 de novembro.
Produtos agrícolas excluídos da tarifa de 40%:
- Carne Bovina, inclui carcaças, metades e cortes de carne bovina, frescos, resfriados ou congelados, em diversas condições (com ou sem osso, processados ou não processados);
- Vegetais, raízes e tubérculos como tomates, chuchu e castanhas;
- Frutas diversas, como por exemplo coco, banana, abacaxi e laranja;
- Sucos de laranja, congelado ou não congelado, e suco de frutas cítricas;
- Café, chá e especiarias;
- Cacau e derivados;
- Fertilizante.
A lista detalhada inclui uma vasta gama de minérios (ferro, estanho, carvão, linhito, turfa, alcatrão), óleos minerais (petróleo, óleos brutos, combustíveis), e numerosos artigos relacionados a peças de aeronaves.
Apesar da flexibilização, o governo Trump reafirma que o estado de emergência permanece em vigor. Ou seja, as sobretaxas continuam aplicadas à maior parte dos produtos incluídos originalmente.
A ordem também autoriza novos ajustes tarifários caso o Departamento de Estado conclua que o Brasil não está atendendo às exigências dos EUA. Todos os órgãos de comércio e segurança envolvidos no caso — incluindo Tesouro, Comércio, Segurança Interna, USTR e Conselho de Segurança Nacional — seguem com poderes para monitorar e recomendar novas medidas.
