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    Lula manda indireta a Trump e condena ações militares

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    Em indireta ao governo dos Estados Unidos, o presidente Lula condenou neste domingo (9/11) o uso da força militar na América Latina e no Caribe, em discurso durante a cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE), realizada em Santa Marta, na Colômbia.

    “A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos uma região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional”, disse Lula.

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    O pronunciamento foi interpretado como um recado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após as recentes ações militares no Mar do Caribe e no Pacifico com a justificativa de combater o tráfico de drogas. O confronto a narcotraficantes também é citado pelos EUA para elevar a pressão sobre o regime de Nicolás Maduro na Venezuela.

    O presidente brasileiro também defendeu o combate ao crime organizado com ênfase em cooperação internacional e combate ao financiamento das facções. “A segurança é um dever do Estado e um direito humano fundamental. É preciso reprimir o crime e suas lideranças, estrangulando o seu financiamento e eliminando o tráfico de armas. Nenhum país pode enfrentar esse desafio isoladamente”, afirmou em meio ao debate sobre a recente megaoperação policial no Rio de Janeiro que deixou 121 mortos.

    Em outro trecho, Lula mencionou a crise política regional e criticou a falta de integração entre os países latino-americanos. “Voltamos a ser uma região balcanizada e dividida, mais voltada para fora do que para si própria. A intolerância ganha força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar à mesma mesa”, declarou, em menção indireta ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

    Magnitsky e ofensiva dos EUA no Caribe

    O discurso de Lula ocorre no contexto das negociações entre Brasil e Estados Unidos para reduzir tarifas impostas pelo governo Trump a produtos brasileiros e retirar sanções aplicadas a autoridades nacionais, como o ministro Alexandre de Moraes (STF), incluído na Lei Magnitsky. Lula e Trump se reuniram em 26 de outubro, na Malásia, para iniciar o diálogo, que segue conduzido pelos canais diplomáticos dos dois países.

    A cúpula da Celac e da UE reúne líderes dos 27 países europeus e das 33 nações latino-americanas e caribenhas, com foco na retomada do diálogo birregional e nas tratativas do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Esta é a quarta edição do encontro e o décimo desde 1999. A expectativa é que o evento consolide a Declaração de Santa Marta e o Mapa do Caminho 2025-2027, com propostas de cooperação política e econômica.

    Lula é o único chefe de Estado latino-americano, além do anfitrião Gustavo Petro, a participar presencialmente da cúpula.

    O presidente brasileiro também é anfitrião da COP30, que terá início nesta segunda-feira (10/11), em Belém (PA).