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    Mancha alvi Verde assume que planejou emboscada que matou cruzeirense

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    A Mancha Alviverde assumiu a responsabilidade civil pela emboscada que matou um torcedor do Cruzeiro no ano passado. A principal torcida organizada do Palmeiras admitiu também que “os fatos foram planejados, organizados e executados por membros da agremiação” e se comprometeu a nunca mais realizar emboscadas. Até então, a Mancha — antes conhecida como Mancha Verde — negava qualquer tipo de participação institucional.

    O reconhecimento, assinado pelo presidente da Mancha, André Guerra Ribeiro, consta em Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado na semana passada com o Ministério Público de Mairiporã (SP), onde ocorreu a emboscada que matou o cruzeirense, e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), obtido pelo Metrópoles.

    De acordo com o MPSP, o TAC não exclui a responsabilidade civil e criminal dos já denunciados e outros porventura identificados, com processos penais em regular curso na Vara do Júri de Mairiporã.

    O TAC, que prática permite à Mancha Alviverde voltar aos estádios, impõe cinco condições à torcida. A primeira é o pagamento de R$ 2 milhões em indenizações a vítimas da emboscada, parcelados ao longo de 60 meses — cinco anos.

    A Mancha deve pagar R$ 1 milhão aos herdeiros de José Victor Miranda, torcedor cruzeirense morto na emboscada, R$ 200 mil à empresa dona do ônibus incendiado e R$ 250 mil para o Fundo Municipal de Segurança de Mairiporã. O restante será destinado, a título de reparação mínima, para as demais vítimas, que seguem podendo buscar reparação individual na Justiça. As que sofreram lesões graves e gravíssimas receberão até R$ 80 mil e, aquelas com lesão leve, terão direito a até R$ 20 mil.

    5 imagensA torcida da Máfia Azul foi alvo do ataqueOs agressores dispararam uma chuva de rojões para emboscar as vítimas Um dos ônibus pegou fogoO trânsito na rodovia foi interrompidoFechar modal.1 de 5

    Torcedores do Palmeiras emboscaram e espancaram cruzeirenses

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    A torcida da Máfia Azul foi alvo do ataque

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    Os agressores dispararam uma chuva de rojões para emboscar as vítimas

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    Um dos ônibus pegou fogo

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    O trânsito na rodovia foi interrompido

    Material cedido ao Metrópoles

    Os pagamentos só começam depois de o TAC ser homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo. Mas a parte que cabe ao MPSP no acordo já foi cumprida: o aval para o retorno da Mancha aos estádios, já autorizado pela Federação Paulista de Futebol (FPF).

    Para seguir existindo, a Mancha se comprete a manter uma lista com todos os seus associados, enviada semestralmente à FPF e à promotoria de Mairiporã. O cadastro deverá conter identificação nominal, com nome
    completo, CPF, telefone celular e registro fotográfico de cada membro/associado. A omissão deliberada na inclusão de qualquer dos membros/associados causará automática proibição de funcionamento da torcida.

    A torcida também vai precisar informar a Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Federal sobre todos os deslocamentos e comboios organizados pela Mancha para íogos e atividades da torcida.

    No TAC, a Mancha também se compromete “a não mais se envolver em episódios violentos de natureza semelhante, notadamente em situações planejadas, organizadas ou da iniciativa de seus integrantes ou dirigentes” e a “coibir e punir com severidade qualquer membro/associado(a) que se envolva nesta espécie de atividade ilícita envolvendo torcidas de times de futebol”.

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    A Mancha voltará a ser suspensa, agora por dois anos, se atos semelhantes aos da emboscada se repetirem “com demonstrada participação massiva de associados da torcida organizada em atos de violência, emboscadas ou tumultos previamente organizados ou de iniciativa dos membros da diretoria contra outras torcidas e agremiações”.

    Por fim, a Mancha deve “adotar medidas para a efetiva implementação da cultura de paz entre seus associados e com outras torcidas organizadas”.

    Em nota, a Mancha disse que volta aos estádios “após um período de profunda reflexão e reestruturação decorrente dos acontecimentos do último ano”. “Durante esse tempo, dedicamo-nos a compreender, aprender e reconstruir. O afastamento foi uma etapa necessária para que a entidade pudesse se reorganizar internamente, fortalecer seus valores e reafirmar o compromisso com o Palmeiras e com a sociedade”, afirmou a torcida.

    “Esse marco representa não apenas o retorno de uma das maiores torcidas do país, mas também o início de uma nova era, mais consciente, mais estruturada e ainda mais comprometida com o apoio incondicional ao Palmeiras. A Mancha Alvi Verde reafirma, ainda, seu compromisso com as famílias e pessoas que enfrentaram as adversidades desse período. Em nenhum momento deixamos de oferecer apoio, solidariedade e respeito àqueles que foram direta ou indiretamente impactados pelos acontecimentos”, continuou a Mancha.