A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, falou, nessa segunda-feira (10/11), sobre desigualdade de gêneros na sociedade e sobre a reflexão necessária para por fim às práticas discriminatórias.
“Vivemos em uma sociedade machista, sexista e misógina. Temos sido uma sociedade adoecida pelos ódios”, disse a ministra, ao refletir sobre as raízes culturais e sociais que sustentam a discriminação.
A fala de Cármen Lúcia ocorreu durante a abertura do XVII Encontro Anual do Fórum Nacional de Juízas e Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Fonavid), realizado em São Luís (MA).
No decorrer da palestra magna, a ministra destacou a persistente desigualdade de gênero no Brasil e a necessidade de um compromisso permanente da sociedade e das instituições no enfrentamento à violência contra as mulheres.
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Diálogo
A presidente do TSE ressaltou a importância dos encontros do Fonavid como espaços de diálogo e fortalecimento da magistratura na promoção da justiça e dos direitos humanos. “Esses encontros são verdadeiros abraços que nos damos para, juntos, construirmos, reconstruirmos, reinventarmos um Brasil com o qual sonhamos e que merecemos”, disse.
Durante a fala, Cármen Lúcia alertou para a permanência das desigualdades estruturais que afetam as mulheres no país. “Em 2025, a 15 dias do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, eu digo que continua sendo, no Brasil, desigual o tratamento entre homens e mulheres”, pontuou.
A ministra também chamou atenção para a contradição entre o discurso e a prática social: “Todo mundo é a favor da igualdade, mas nós não temos igualdade. Por concurso público chegamos aos cargos, mas, para ascender, não chegamos em igualdade de condições.’
Casos de feminicídio
Cármen destacou ainda o crescimento dos casos de feminicídio e de outras formas de violência de gênero. Ela alertou que “a violência é o sintoma; o ódio é a causa da doença que atinge a sociedade brasileira”.
Ao final da palestra, Cármen Lúcia defendeu a necessidade de promover uma cultura de afeto e respeito como antídoto à violência. “Se é o ódio que alimenta essa doença, precisamos aprender a plantar o afeto. Não é possível que continuemos com tantos ódios como vemos hoje nas redes sociais, que fomentam e aumentam os ódios contra nós, mulheres”, analisou.
O XVII Fonavid, que vai até sexta-feira (14/11), reúne magistradas, magistrados, membros do Ministério Público, defensoras, defensores e especialistas de todo o país para debater políticas de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher.
O evento é presidido pelo juiz Francisco Tojal e tem como tema central “Como a educação e a comunicação podem ser eficazes no enfrentamento à violência doméstica e familiar contra as mulheres”.
