O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, ao ler seu voto no julgamento do chamado núcleo 3 da trama golpista, nesta terça-feira (18/11), ressaltou que militares de alta patente e um policial federal tinham todo o planejamento para executar as mortes dele e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Moraes leu trechos da investigação nos quais militares narravam, inclusive, as armas que usariam na “neutralização”. O ministro pontuou que os kids pretos tinham planos para matar o relator, como estudos sobre “tiro curto, médio ou longo alcance” e o envenenamento de Lula, possivelmente com o uso de um remédio que “induzisse o colapso orgânico”.
Ministro Alexandre de Moraes
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Relator do caso, ministro Alexandre de Moraes
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Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retomou, nesta terça-feira (18/11), o julgamento dos réus do núcleo 3 da trama golpista, dos kids pretos
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Ministro Alexandre de Moraes, do STF
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Agente da PF Wladimir Matos Soares, acusado de monitorar Lula e repassar informações sobre sua segurança a aliados de Bolsonaro
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“Tudo isso está detalhado nos documentos apreendidos, detalhadas não só as chances de êxito e como afastar os danos colaterais dessa execução. O planejamento demonstrava os locais, as condições das execuções, como tiro curto, médio ou longo alcance; a utilização de artefato explosivo; e também fazia o estudo da proteção de autoridades de segurança pública, que também deveriam ser neutralizadas”, detalhou Moraes.
O ministro prosseguiu: “Quanto ao presidente atual e, à época, candidato à Presidência, previa outra abordagem: o envenenamento ou uso de remédio que induzisse o colapso orgânico, em razão da vulnerabilidade de seu atual estado de saúde. Tudo isso documentado e juntado aos autos.”
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Moraes esclareceu, também, que o julgamento não se trata de uma tentativa de homicídio, tendo em vista que a denúncia encaminhada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) não imputa o delito — e, caso imputasse, o próprio ministro estaria impedido de julgar, já que seria vítima na ação penal. O relator fez essa ponderação, após uma “rede de fake news” disseminar mentiras na internet.
“Em virtude da disseminação de fake news, que retornaram às vésperas desse julgamento, nós não estamos julgando nenhum crime de tentativa de homicídio contra Alexandre de Moraes, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin. Obviamente, se estivéssemos julgando uma tentativa de homicídio contra Alexandre de Moraes, eu não poderia participar do julgamento. Então, as pessoas de má-fé continuam repetindo isso”, acrescentou.
Moraes pontuou que os crimes que estão sendo julgados no núcleo 3 são os mesmos imputados ao núcleo 1, especialmente ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Nos vários atos de execução dessa organização criminosa para chegar à sua finalidade, nos vários atos de execução, hoje lá atrás, em 21/11, o monitoramento deste relator, e aqui houve a execução da Operação Copa 2022”, afirmou o ministro.
“Tudo isso na questão de ‘eliminar o centro gravitacional’. Eliminar porque, à época, (eu) exercia o cargo de presidente do TSE e, na sequência, na própria minuta do golpe, faz uma intervenção no TSE e uma comissão presidida pela organização criminosa para passar a comandar a Justiça Eleitoral”, completou Moraes.
