MAIS

    Movimento une polícias rachadas em SP para pressionar governo Tarcísio

    Por

    Críticas ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e ao secretário licenciado da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), têm unido policiais civis e militares, que reivindicam melhores salários e condições de trabalho, após anos de um “racha” entre as categorias.

    Na próxima segunda-feira (24/11), representantes de 23 entidades ligadas às duas polícias e à Polícia Penal devem se reunir com o governador no Palácio dos Bandeirantes para fazer suas cobranças pessoalmente.

    Em protesto na última terça-feira (18/11), as lideranças desse movimento se reuniram em frente ao Largo São Francisco, a poucos metros da sede da Secretaria da Segurança (SSP), no centro da capital, e acusaram Tarcísio e Derrite de não cumprirem uma série de promessas feitas durante a campanha e o governo. “Prometeu, não cumpriu, mentiu!“, diziam cartazes exibidos pelos manifestantes.

    Além da questão salarial e das condições de trabalho, as entidades que representam a Polícia Civil cobram a apresentação do texto da nova Lei Orgânica, que vem sendo discutida há dois anos sem a participação da instituição. Já para os PMs, o reajuste concedido à categoria na atual gestão foi insuficiente.

    7 imagensPoliciais protestam por melhores condições de trabalhoPoliciais protestam por melhores condições de trabalhoPoliciais protestam por melhores condições de trabalhoPoliciais protestam por melhores condições de trabalhoPoliciais protestam por melhores condições de trabalhoFechar modal.1 de 7

    Policiais protestam por melhores condições de trabalho

    Renan Porto/Metrópoles2 de 7

    Policiais protestam por melhores condições de trabalho

    Renan Porto/Metrópoles3 de 7

    Policiais protestam por melhores condições de trabalho

    Renan Porto/Metrópoles4 de 7

    Policiais protestam por melhores condições de trabalho

    Renan Porto/Metrópoles5 de 7

    Policiais protestam por melhores condições de trabalho

    Renan Porto/Metrópoles6 de 7

    Policiais protestam por melhores condições de trabalho

    Renan Porto/Metrópoles7 de 7

    Policiais protestam por melhores condições de trabalho

    Renan Porto/Metrópoles

    A manifestação dos policiais contra o governo é a primeira desde o início do governo Tarcísio (2023), que tem como uma de suas bases a segurança pública. Apesar disso, Derrite foi criticado por policiais civis desde que foi nomeado — ele se licenciou do comando da SSP no início do mês para reassumir o mandato de deputado federal e ser o relator do PL Antifacção na Câmara.

    A própria escolha do secretário, um PM de patente intermediária, para ocupar o cargo marcou o início dos episódios que levaram ao “racha” entre as polícias. A decisão de Tarcísio foi na contramão do histórico de nomeações de representantes do Ministério Público estadual (MPSP) nas gestões do PSDB, justamente para evitar “privilegiar” uma das duas corporações.

    Durante a gestão, o secretário teria priorizado a PM, excluindo a Polícia Civil de operações importantes e de parcerias com o MPSP. A conduta teve seu ápice quando o Metrópoles revelou, em abril de 2024, que a gestão pretendia dar a policiais militares a prerrogativa de investigar casos “de menor potencial ofensivo”, por meio da implementação do Termo Circunstanciado Policial Militar (TC/PM).

    A medida, discutida por meio de uma ordem preparatória, permitiria a agentes da corporação paulista realizar diligências, como requisitar exames e apreender provas. Para delegados, isso representaria uma apropriação de suas competências. Após a repercussão negativa, a ideia foi deixada de lado, passando a ser debatida em um grupo de trabalho que não avançou.

    Leia também

    Para os policiais, a exclusão da Civil do debate sobre a Lei Orgânica da própria instituição seria mais um elemento da desvalorização da instituição. Derrite escolheu o próprio chefe de gabinete, Paulo Mauricio Maculevicius Ferreira, para debater o grupo de trabalho que discutiria o tema. Após críticas, governo substituiu a nomeação pela do coronel da reserva e secretário executivo da Casa Civil, Fraide Sales.

    Ao mesmo tempo, durante toda a gestão, importantes oficiais da Polícia Militar acusaram, nos bastidores, delegados da Polícia Civil de não serem confiáveis, evitando o compartilhamento de informações consideradas sensíveis, por medo de vazamentos para beneficiar investigados.

    “Integração possível”

    Durante o protesto da última terça-feira (18/11), o delegado André dos Santos Pereira, que coordena o protesto das polícias contra a gestão, defendeu a necessidade de união entre as categorias para lutar por melhores condições de trabalho.

    “Essa integração é importante. Ela tem de existir em nível estatal, e agora nós estabelecemos essa integração em nível da representatividade, de quem está no chão de fábrica, na linha de frente. É isso que nós estamos demonstrando aqui hoje, que a integração é possível, é necessária. E a gente vai seguir nessa linha”, afirmou André Santos Pereira, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpes) e líder do movimento Resiste PC.

    “Nesses três anos, é a primeira reunião com o governador. Inclusive, em 25 anos de serviço, nunca vi governador atender a categoria”, disse Fábio Jabá, presidente do Sindicato dos Policiais Penais (Sinppenal), que também participa do movimento.

    “A inflação que atinge o soldado atinge também o coronel. Foram várias promessas [de Derrite], como se fosse um messias, um salvador. Mas as coisas estão desse jeito”, afirma o veterano Aurélio Gimenes, presidente da Associação dos Praças da Polícia Militar de São Paulo (Aspraças).