No último sábado (15), as Forças Armadas dos Estados Unidos mataram mais três pessoas acusadas pelo governo Trump de tráfico de drogas por via marítima. O número de mortos, às portas da Venezuela, aumentou para 83 desde o início de setembro.
O ataque foi o 21º nas águas da América Central e do Sul contra barcos supostamente carregados de drogas com destino a pontos da costa dos Estados Unidos. Por que supostamente? Porque o governo se recusa a apresentar provas públicas do que diz.
Entre as dezenas de pessoas executadas a mando de Trump, estava um pescador colombiano cuja família exige justiça e ameaça acioná-la. De nada adiantará. Em Gaza, apesar do cessar-fogo, Israel segue matando palestinos impunemente.
Uma ampla gama de especialistas em leis que regem o uso da força armada denuncia os ataques como ilegais. As Forças Armadas dos Estados Unidos não têm permissão para alvejar intencionalmente civis que não representam uma ameaça iminente de violência.
O governo americano, porém, argumenta que os ataques são legais porque o presidente Trump os autorizou, e que os Estados Unidos estão em um conflito armado formal com os cartéis de drogas. Portanto, aqueles a bordo de barcos “são combatentes”.
Por trás do tiro ao alvo a barcos está o desejo declarado por Trump de derrubar o governo de Nicolás Maduro na Venezuela. No seu primeiro mandato, Trump tentou, embora sem sucesso. Bolsonaro o apoiou. Mas o mandato de Trump estava no fim.
O segundo mandato de Trump está no começo. E com a campanha contra a Venezuela, ele quer mandar vários recados ao mundo. O primeiro: que as Américas Central e do Sul seguirão sendo o “quintal” dos Estados Unidos. Ali, são eles que mandam.
Segundo recado: que a China desista de ampliar sua influência econômica numa área tão distante do seu território. Dê meia volta. Contente-se com o que já tem no resto do mundo. Terceiro recado: as Américas devem marchar pela direita.
Que seus países se mirem no exemplo da Argentina. O governo de Javier Milei é de direita e come nas mãos dos Estados Unidos. Há pouco, Trump o socorreu para que não quebrasse. Aos países amigos, tudo, ou quase tudo, mediante o grau de subordinação.
No caso da Venezuela, Trump tem um substituto para Maduro: Maria Corina Machado, líder da oposição, premiada com o Nobel da paz. Maduro escapará com vida à ofensiva americana só se abdicar do poder. Do contrário, se arrisca a ser morto.
Em breve, haverá disparos contra o território venezuelano, onde se localizam as maiores reservas de petróleo do planeta. A CIA já atua no planejamento de ações para desestabilizar o regime de Maduro. É uma questão fechada para Trump.
O presidente venezuelano é hoje um político isolado dos seus pares. Eles só dispõem do recurso a notas oficiais de protesto contra intromissões estrangeiras no continente. O vestido de Corina Machado para a festa de posse já foi encomendado.
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