A melhoria do cenário para que o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), embarque numa eleição presidencial animou o grupo do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sobre a chance de que ele possa concorrer ao Palácio dos Bandeirantes.
O Metrópoles conversou com diversos aliados de Nunes que notaram que os acontecimentos recentes voltaram animar o prefeito sobre o assunto, embora em público ele adote certa cautela para não melindrar Tarcísio.
Correligionários do governador, por exemplo, acreditam que a megaoperação policial com mais de uma centena de mortes no Rio reavivou sua chance na disputa presidencial, pois a segurança pública voltou a desgastar o governo Lula (PT), cuja popularidade vinha em recuperação e sem enfrentar críticas relevantes nesse tema há algum tempo.
Com isso, o entorno de Nunes o vê como o melhor posicionado em uma disputa à sucessão de Tarcísio entre os nomes da direita. O prefeito de São Paulo tem bons níveis de popularidade e pontua bem em pesquisas eleitorais, largando na frente de outros possíveis nomes, como o deputado estadual André do Prado (PL) e o secretário da Segurança, Guilherme Derrite (PP).
Além disso, Nunes tem uma vitrine na área de segurança para apresentar na campanha, com o programa de câmeras inteligentes Smart Sampa. Os equipamentos fazem a leitura facial de procurados da Justiça e aciona a Guarda Municipal para prendê-los.
Pesquisas apontam que a segurança se tornou a maior preocupação da população e estrategistas de campanha consideram que esse será o principal tema da disputa eleitoral do ano que vem.
Figurino de governador
Dias antes da operação no Rio, aliados já tratavam Nunes como principal nome para suceder Tarcísio, durante uma homenagem na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). “Muita gente aqui falou um pouco do futuro. Eu sinceramente desejo concluir o mandato, mas se algum desafio vier pela frente, eu vou estar sempre às ordens para poder trabalhar pela nossa cidade, pelo nosso estado”, disse Nunes durante o evento.
Nos bastidores, há comentários até sobre uma mudança nos trajes do prefeito, que teria passado a usar roupas mais sociais, como ternos e blazers no lugar de camisas polo e calça jeans, estilo normalmente adotado por Nunes desde os tempos de vereador.
“Já está com figurino de governador”, disse um vereador da base do prefeito.
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Fator vice
Outro que trata abertamente da possibilidade do prefeito disputar o governo é o vice dele, coronel Mello Araújo (PL), que herdaria a cadeira de Nunes. Ao Metrópoles, ele disse ainda se sentir apto para conduzir a cidade, mas ressaltou que seu objetivo é cumprir os quatro anos de mandato como vice, “ao lado de Ricardo”.
“(Sobre) a possibilidade de eu ficar no caso de o Ricardo sair, estamos preparados. Seja ficar de vice com o Ricardo, assumir como prefeito ou alguma possibilidade de Senado, estamos em condições”, afirmou o vice-prefeito.
Apesar do ânimo no entorno do prefeito, aliados costumam ressalvar que o vice-prefeito Mello Araújo, na posição de ser prefeito, seria um entrave.
Ao longo de sua atuação como vice, Mello assumiu uma postura de fiscalizar contratos e a destinação de emendas parlamentares indicadas por vereadores. Quando assumiu a cadeira de titular durante viagem internacional de Nunes, barrou emendas de um vereador da base e exonerou servidores antes de comunicar o prefeito.
Nos bastidores, vereadores e secretários admitem incômodo com algumas atitudes do vice. “Se o Tarcísio for mesmo e, parece que vai, o prefeito e seu entorno está considerando a possibilidade (de disputar o governo estadual). Mas o vice pesa”, disse um aliado próximo a Nunes.
Para Mello, “ninguém quer” vê-lo como prefeito, porque não querem “deixar (ser prefeito) quem tem respeito ao dinheiro público, que fecha a torneira, que não vai deixar as coisas erradas acontecerem”.
Nunes desconversa
Ao Metrópoles, o prefeito desconversou sobre a possibilidade de ser candidato ao governo paulista. “Meu foco é fazer uma excelente gestão aqui na Prefeitura, sinceramente não está nos meus planos ser candidato a governador caso Tarcísio seja candidato a presidente”, disse.
