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Pai que levou polícia à escola após desenho de orixá é soldado da PM

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Pai que levou polícia à escola após desenho de orixá é soldado da PM

O pai que acionou a Polícia Militar depois de a filha fazer o desenho de uma orixá durante uma atividade na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Antônio Bento, na zona oeste da capital paulista, é policial. Segundo o Portal da Transparência do governo estadual, o homem é soldado da 1ª Classe da Polícia Militar de São Paulo.

Como revelou o Metrópoles, o pai chegou a rasgar um mural em que estava o desenho da menina e levou quatro policiais à escola para questionar a direção sobre a atividade. Testemunhas afirmam que os agentes entraram armados na unidade, um deles com uma metralhadora. De acordo com os relatos, os policiais teriam sido hostis com funcionários, dizendo que a criança estava sendo obrigada a ter aula de “religião africana”.

A direção da escola explicou aos agentes que o desenho fazia parte de uma atividade com um livro infantil sobre mitologia afro-brasileira, e seguia leis que determinam o ensino da história e da cultura afro-brasileira nas escolas em todo o país.

Mesmo com as explicações, os policiais ficaram mais de uma hora na escola e teriam feito acusações de que a religião da família da criança, que é cristã, estava sendo desrespeitada.

Qual era a atividade escolar?

Os policias foram à escola no dia 12 de novembro, um dia depois de o pai da menina rasgar o mural onde estava o desenho. A diretora da unidade registrou um boletim de ocorrência sobre o episódio. No registro, obtido pelo Metrópoles, ela afirma que o pai disse, “em tom de ameaça”, que tomaria providências.

O homem também teria falado que a escola estava incluindo a “umbanda” na vida da filha e que ele, como cristão, não aceitava isso. O Metrópoles não conseguiu contato com o pai da criança. O espaço segue aberto.

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Desenho da orixá Iansã que motivou pai de aluna de escola infantil de São Paulo a chamar a polícia

Material cedido ao Metrópoles2 de 3

Desenhos de alunos do EMEI Antônio Bento, em São Paulo, em atividade intitulada “Ciranda de Aruanda”

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Desenhos que alunos do EMEI Antônio Bento, em São Paulo, fizeram em atividade sobre religiões de matriz africana

Material cedido ao Metrópoles

Depois que o caso foi revelado pelo Metrópoles, no domingo (16/11), moradores dos bairros Caxingui e Instituto da Previdência fizeram um abaixo-assinado em apoio à escola e cobraram investigação da Corregedoria da Polícia contra os agentes envolvidos.

Nessa segunda-feira (17/11), após repercussão do tema, a Polícia Militar afirmou que instaurou uma apuração sobre a conduta da equipe que atendeu à ocorrência, inclusive com a análise das imagens das câmeras corporais dos policiais.

Em nota anterior, a SSP tinha dito ao Metrópoles que o uso do armamento, que inclui metralhadora, faz parte do Equipamento de Proteção Individual (EPI) dos policiais e é portado durante todo o turno de serviço.

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Já a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), informou que o pai da estudante recebeu esclarecimentos de que o trabalho apresentado por sua filha integra uma produção coletiva do grupo.

“A atividade faz parte de propostas pedagógicas da escola, que tornam obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena dentro do Currículo da Cidade de São Paulo”, reforçou a gestão municipal.

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