A operação Compliance Zero, realizada na terça-feira (18/11) pela Polícia Federal, revelou um esquema de fraudes financeiras e resultou em sete prisões – cinco preventivas e duas temporárias. Entre elas, a de Daniel Bueno Vorcaro, presidente do Banco Master. O balanço atualizado de apreensões na ação policial aponta para objetos cujos valores estimados somados ultrapassam R$ 230 milhões.
Veja o balanço atualizado:
- Veículos: R$ 9,2 milhões
- Dinheiro em espécie: R$ 2 milhões
- Relógios: R$ 6,15 milhões
- Jóias: R$ 380 mil
- Obras de arte: R$ 12,4 milhões
- Aeronave: R$ 200 milhões
Leia também
-
Justiça mantém prisão de Vorcaro, dono do Master
-
Banco Master: avião bloqueado por Justiça está no exterior; saiba onde
-
Os fundos de pensão que aplicaram quase R$ 2 bilhões no Master
-
Alvo da Compliance Zero, Master é finalista de prêmio de compliance
Os presos preventivamente, ou seja, sem prazo previsto para serem liberados, são:
- Daniel Bueno Vorcaro, presidente do Banco Master;
- Augusto Ferreira Lima, ex-CEO e sócio do Master;
- Luiz Antônio Bull, diretor de Riscos, Compliance, RH, Operações e Tecnologia do Master;
- Alberto Felix de Oliveira Neto, superintendente executivo de Tesouraria do Master;
- Ângelo Antônio Ribeiro da Silva, sócio do Master.
Os policiais investigam a venda de títulos de crédito falsos pelo Banco Master, que emitia Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com a promessa de pagar ao cliente até 40% acima da taxa básica do mercado. Retorno considerado irreal pelas autoridades.
Leia também
-
Justiça mantém prisão de Vorcaro, dono do Master
-
Banco Master: avião bloqueado por Justiça está no exterior; saiba onde
-
Os fundos de pensão que aplicaram quase R$ 2 bilhões no Master
-
Alvo da Compliance Zero, Master é finalista de prêmio de compliance
Segundo o diretor da PF, Andrei Rodrigues, as fraudes podem chegar a R$ 12 bilhões.
Andrei confirmou que o valor estimado da fraude sob investigação é de R$ 12 bilhões. “Sobre a operação de hoje: a fraude é de R$ 12 bilhões. Eu não sei o quanto vamos conseguir bloquear… Eu sei que, em dinheiro, apreendemos na residência de um investigado R$ 1,6 milhão”, disse Andrei Rodrigues.
Afastamentos
Além das prisões, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, determinou o afastamento dos cargos, por 60 dias, de:
- Paulo Henrique Costa, presidente do Banco de Brasília (BRB);
- Dario Oswaldo Garcia, diretor financeiro do BRB.
Isso porque o BRB injetou R$ 16,7 bilhões no Master entre 2024 e 2025. Desses, pelo menos R$ 12,2 bilhões envolvem operações em que há fortes indícios de fraude.
As transações aconteceram no mesmo período em que o BRB tentava comprar o próprio Banco Master – e convencer os órgãos de fiscalização de que a transação era viável e não geraria risco aos acionistas do BRB, incluindo o governo do Distrito Federal.
Créditos falsos
As investigações apontam que o grupo teria criado títulos de crédito falsos e os usado para inflar artificialmente o patrimônio de instituições financeiras.
Quando o Banco Central identificou inconsistências, os títulos teriam sido substituídos por outros ativos sem avaliação técnica, uma manobra para mascarar o rombo contábil.
O caso levou o Banco Central a decretar a liquidação extrajudicial do Banco Master, com a retirada imediata da instituição do sistema financeiro e a substituição da diretoria por um interventor.
O conglomerado administrava mais de R$ 86 bilhões em ativos.
Ligações empresariais e tentativas frustradas
A operação também interrompeu, na prática, a negociação anunciada ontem pela Fictor Holding Financeira, que havia comunicado a intenção de comprar o Banco Master ao lado de investidores dos Emirados Árabes Unidos, com promessa de um aporte inicial de R$ 3 bilhões.
Além disso, o banco já havia sido alvo de outra investigação envolvendo a tentativa de compra pelo BRB, transação que acabou vetada pelo Banco Central por falta de garantias financeiras.
Próximos passos
A Justiça Federal autorizou o acesso a celulares, computadores e documentos apreendidos, e os investigadores afirmam que novas prisões e bloqueios não estão descartados.
Os alvos podem responder por gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
