A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou, nesta terça-feira (25/11), a indicação de Nelson Souza para o cargo de presidente do Banco de Brasília (BRB), por 16 votos a favor e seis contrários.
Nelson Souza passou por sabatina na Comissão de Economia, Orçamento e Finanças (Ceof) durante a tarde. À noite, o plenário da CLDF deu o aval à indicação.
Ao responder os deputados, Nelson Souza frisou que, caso seja aprovado para o cargo de presidente do BRB, pretende ficar “atento à liquidez do banco”. “É fundamental nos atentarmos à liquidez do banco. Nós vamos ter cuidados com as aplicações, sejam elas ativas ou passivas, carteira de crédito”, disse.
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O indicado declarou, ainda, que fará “choque de gestão” na instituição financeira. Ele também enfatizou que o BRB “é sólido”. “É o que eu vejo hoje no banco. Está passando um problema momentâneo? Sim, mas já contrataram auditoria independente”, afirmou.
Nelson Souza foi indicado à presidência do BRB pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) após a Justiça Federal determinar o afastamento do então presidente, Paulo Henrique Costa. A mudança ocorre em meio às investigações da Operação Compliance Zero, que apuram suposta fraude de R$ 12 bilhões em carteiras de crédito compradas do Banco Master pelo BRB.
O indicado disse que não falaria sobre o Master neste momento porque não conhece as operações.
“Não vou falar do Banco Master, porque eu não conheço, o que eu sei é o que o senhores e a senhoras sabem pela imprensa. Pode até me fazer essa pergunta mais à frente, deputado Jorge Vianna [deputado distrital], que com certeza eu vou saber responder, com certeza, até porque sou da área de banco. Agora, o que eu posso dizer que uma operação de compra e venda de banco é uma operação amplamente feita no mundo inteiro, não é diferente do Brasil. E o Brasil tem um sistema financeiro muito robusto e muito sólido”, declarou na Ceof.
Após aprovação na CLDF, o nome de Nelson Souza será submetido à avaliação do Banco Central.
Investigações
A Operação Compliance Zero, deflagrada na semana passada, investiga compra de carteiras de créditos falsas do Banco Master pelo BRB, com uso de empresas de fachada, como a Tirreno.
A Polícia Federal apontou que, embora o BRB descreva possuir processo formalmente estruturado para aquisição de carteiras – envolvendo filtros de elegibilidade, manifestações de diversas áreas, aprovação colegiada e registro na B3 –, “verifica-se que tais mecanismos não foram eficazes para detectar as irregularidades graves posteriormente apontadas pelo Banco Central, como a existência de créditos insubsistentes, sobreposição de CPFs, originação por empresa recém-constituída sem histórico (Tirreno) e ausência de comprovação documental dos contratos subjacentes”.
A PF indicou que o BRB aceitou a restituição de R$ 6,7 bilhões diretamente da Tirreno, a empresa que seria de fachada. A Tirreno assinou acordo para pagar o valor em seis meses – de junho a dezembro de 2025. Segundo as investigações, os R$ 6,7 bilhões pagos pelo Master à Tirreno pelas carteiras de crédito, antes de serem repassadas ao BRB, continuam disponíveis em conta vinculada, mas o BRB não exigiu a devolução imediata.
“Assim sendo, não se justifica que o BRB ao invés de exigir a devolução imediata de seus 6,7 bilhões, pela compra de itens absolutamente insubsistentes, tenha optado por tranches mensais, o que só corrobora a hipótese criminal de que a vontade inicial do BRB sempre foi de emprestar dinheiro ao Banco Master”, afirmou a PF em documento enviado à Justiça Federal.
Inicialmente, a PF nomeou a operação como Ostap Bender, em referência ao personagem vigarista do romance O Bezerro de Ouro, dos autores soviéticos Ilya Ilf e Yevgeny Petrov. Posteriormente, o nome escolhido foi Compliance Zero.
