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    Quem é o servidor do Judiciário que traficava ecstasy, haxixe e loló

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    Rodrigo Moreira de Figueiredo (foto em destaque), assessor do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), é o servidor público preso por suspeita de integrar uma rede de tráfico de drogas sintéticas em Cuiabá e em cidades do interior do estado.

    Com pouco mais de 2,4 mil seguidores nas redes sociais, Rodrigo costumava ostentar uma rotina marcada por restaurantes sofisticados, viagens e festas com amigos. Uma imagem que contrastava com o papel que, segundo as investigações, desempenhava no submundo do crime.

    Na tarde dessa quarta-feira (26/11), Rodrigo passou por audiência de custódia, durante a qual o juiz Moacir Tortato decidiu manter o servidor preso preventivamente.

    Ele foi detido durante a Operação Vertigem, deflagrada pela Polícia Civil, que também resultou na prisão de outros oito suspeitos e no cumprimento de mandados no Rio de Janeiro.

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    Em nota, o TJMT informou que Rodrigo foi exonerado do cargo e destacou que os fatos apurados são de natureza pessoal, sem relação com as atividades exercidas na instituição. O tribunal também reafirmou seu compromisso com “a ética, a transparência e a legalidade”.

    A reportagem não localizou a defesa de Rodrigo. O espaço segue aberto.

    Rede de fornecedores

    De acordo com a Polícia Civil, as investigações começaram em 2023, durante a Operação Doce Amargo, quando eletrônicos e documentos apreendidos na casa do assessor já apontavam sua participação no tráfico.

    Com o avanço das apurações, os investigadores descobriram uma rede de fornecedores ligada a Rodrigo, incluindo o principal chefe do esquema, um traficante de Cuiabá que atualmente está no Paraguai, de onde enviava drogas para o Mato Grosso.

    As autoridades afirmaram que Rodrigo tinha papel central em grupos de rateio responsáveis por adquirir entorpecentes para pessoas de alto poder aquisitivo, atividade da qual o servidor também lucrava.

    Entre as drogas comercializadas estavam ecstasy, MDMA, LSD, além de “loló”, lança-perfume e clorofórmio.

    Reincidência e provas

    Rodrigo já havia sido preso em março de 2024, durante a Operação Doce Amargo 3, quando prints de conversas em aplicativos de mensagem mostravam que ele negociava preços, garantia disponibilidade das drogas “a qualquer hora” e oferecia produtos de “boa qualidade”.

    Na ocasião, além dele, uma assessora técnica da Assembleia Legislativa e outros 21 suspeitos foram detidos.

    À época da nova prisão, Rodrigo ocupava o cargo comissionado de assessor de juiz no TJMT, com salário de R$ 9 mil, e era bacharel em direito.

    As investigações atuais reforçam que o servidor não era apenas um consumidor, mas desempenhava funções típicas de fornecedor, o que ficou evidente nas mensagens coletadas.

    Ação continua

    Durante a Operação Vertigem, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, autorizados pelo Núcleo de Justiça 4.0 do Juiz das Garantias.

    Segundo a Polícia Civil, a investigação permanece em andamento para identificar outros possíveis envolvidos no esquema, que movimentava drogas sintéticas destinadas a um público seleto da capital mato-grossense.

    A prisão mantida pelo magistrado reforça o entendimento de que Rodrigo representa risco ao andamento das investigações, além da possibilidade de continuidade das atividades criminosas caso fosse liberado.