A megaoperação deflagrada contra o Comando Vermelho (CV) no último dia 28 tornou-se a mais letal da história do Rio de Janeiro (RJ). Além dos quatro policiais que perderam a vida em confrontos nos complexos do Alemão e da Penha, 117 suspeitos foram baleados e mortos após abrirem fogo durante as abordagens. Diante do número expressivo de óbitos, foram abertas investigações para apurar o que teria tornado a ação tão sangrenta.
Na manhã seguinte à operação, moradores da Vila Cruzeiro, na Penha, expuseram mais de 60 corpos em uma praça da comunidade. A cena repercutiu em todo o país, atraiu os olhares da imprensa internacional e reacendeu o debate sobre a letalidade policial no estado.
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Os passos seguintes
Após a operação, diferentes órgãos do sistema de Justiça passaram a cobrar esclarecimentos sobre a atuação policial.
O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a preservação integral de todas as provas relacionadas à ofensiva.
Na segunda-feira (3), o ministro Alexandre de Moraes esteve no Rio para reuniões com o governador Cláudio Castro (PL), o prefeito Eduardo Paes (PSD), além de desembargadores e promotores. Durante os encontros, Castro apresentou um relatório com 18 respostas solicitadas pelo STF sobre a operação.
O Ministério Público do Rio (MPRJ) abriu uma investigação independente, conduzida pelo Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp), para apurar as mortes. O órgão também solicitou acesso às gravações das câmeras corporais dos agentes.
A Defensoria Pública do Estado (DPERJ) criou uma força-tarefa e ouviu familiares que relataram que pessoas inocentes foram mortas ou presas. Esses relatos foram incluídos no relatório “Atuação da Ouvidoria da Defensoria Pública na Operação Policial realizada no Complexo do Alemão e no Complexo da Penha”, divulgado em 2 de novembro, que poderá ser usado nas investigações.
O ministro Moraes assegurou que o MPRJ possa analisar e fiscalizar todos os documentos relacionados à operação e permitiu que a Defensoria Pública da União (DPU) também acompanhe o processo no estado.
Na quarta-feira (5), ele determinou que a Polícia Federal (PF) abra um inquérito para investigar a atuação do crime organizado no Rio de Janeiro.



Megaoperação no Rio deixa mais de 100 mortos
Tercio Teixeira/Especial Metrópoles

Quatro policiais morreram
Material cedido ao Metrópoles
A incerteza sobre a própria segurança impede o descanso e compromete a saúde mental de quem vive sob risco constante
Fabiano Rocha/Agência O Globo
Policiais durante a ofensiva
Reprodução/Instagram
Megaoperação das polícias deixa vários policiais feridos e mortos. O Hospital Getúlio Vargas, na Penha, recebeu os feridos
Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Entenda a ADPF das Favelas
A megaoperação voltou os holofotes da imprensa nacional e internacional para o estado e trouxe novamente à pauta a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como ADPF das Favelas.
A ação, ajuizada em 2019 pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), acompanha a letalidade policial e busca garantir que as operações sigam parâmetros legais e constitucionais.
Após a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, em outubro, o processo ficou temporariamente sem relator. Alexandre de Moraes assumiu a função de forma provisória, no último dia 28, até a nomeação do novo ministro do STF.
Em abril, o Supremo determinou que o governo do Rio adotasse medidas para conter a violência em operações policiais, entre elas:
- Uso proporcional da força;
- Instalação de câmeras nas viaturas;
- Criação de um plano de reocupação de áreas dominadas por facções;
- Participação da Polícia Federal em investigações sobre milícias e tráfico interestadual e internacional.




