A Rússia afirmou ter recebido a versão inicial do plano de paz discutido por negociadores dos Estados Unidos e da Ucrânia em Genebra, na Suíça. A informação foi dada pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta sexta-feira (28/11). Segundo ele, “haverá conversas em Moscou na próxima semana”, com participação de enviados norte-americanos.
O anúncio ocorre em meio a polêmica sobre o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, que deve viajar a Moscou para reuniões com o presidente Vladimir Putin.
Peskov evitou confirmar datas, afirmando que o Kremlin fará o anúncio “no momento oportuno”. Na véspera, Putin já havia dito que Moscou recebeu os resultados das consultas realizadas em Genebra.
“Pelo que entendi, eles dividiram os 28 pontos em quatro componentes. Tudo isso nos foi comunicado”, afirmou.
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Putin endurece exigências
Durante coletiva nessa quinta-feira (27/11), Putin reiterou que qualquer cessar-fogo depende da retirada das tropas ucranianas das regiões reivindicadas por Moscou. Ele rejeitou a ideia de uma trégua incondicional, alegando que isso permitiria a Kiev e aos aliados ocidentais “ganhar tempo” para reforçar suas forças armadas.
“As tropas ucranianas se retirarão dos territórios que ocupam, e então as hostilidades cessarão. Se não se retirarem, conseguiremos isso por meios militares”, disse. Apesar do avanço diplomático, o líder russo afirmou que ainda não existe um rascunho de acordo: Washington enviou apenas “uma lista de questões”, e não um documento formal.
Putin destacou ainda que os EUA “consideraram a posição russa em algumas áreas”, mas afirmou que pontos essenciais continuam sem consenso. O Kremlin confirmou que uma delegação norte-americana chegará a Moscou no início da próxima semana, mas não detalhou os nomes. Pelo lado russo, participarão diplomatas e assessores próximos, como Vladimir Medinsky e Yury Ushakov.



Vladimir Putin
Contributor/Getty Images

O presidente russo, Vladimir Putin, discursou durante uma reunião no Tajiquistão
Contribuinte/ Getty Imagens
Pronunciamento de Volodymyr Zelensky

Pronunciamento de Volodymyr Zelensky
Gabinete Presidencial da Ucrânia 
Volodymir Zelensky
Getty Images
Planos divergentes entre EUA e Europa
Proposta dos EUA:
- Reconhece o controle russo sobre Crimeia, Donetsk e Lugansk;
- Congela as posições atuais em Kherson e Zaporizhzhia;
- Exige que a Ucrânia abandone o plano de aderir à OTAN.
- Putin afirmou que esse esboço “pode servir como base”, mas disse não ter recebido a versão revisada elaborada em Genebra após consultas com Kiev.
Proposta europeia:
- Não reconhece soberania russa sobre nenhum dos territórios ocupados;
- Não impõe veto permanente à entrada da Ucrânia na OTAN.
- Kiev, por sua vez, mantém posição firme contra concessões territoriais. Governos europeus tentam preservar unidade diplomática diante de qualquer acordo que legitime ocupações.
A Rússia repete que interromperia imediatamente as operações militares se a Ucrânia deixasse todas as áreas das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhzhia — quatro províncias anexadas após referendos contestados pela ONU e pelo Ocidente, em 2022. Moscou afirma já controlar totalmente Lugansk e porções significativas de Donetsk e Zaporizhzhia.




