A Sabesp utiliza inteligência artificial (IA) para acompanhar, em tempo real, as redes de esgoto da cidade de São Paulo. Um sistema inteligente permite monitorar a situação das tubulações, poços de visita e estações de bombeamento, antecipando a detecção de vazamentos ou entupimentos.
Sensores instalados diretamente nos poços de visita fazem medições contínuas do nível do esgoto e enviam informações em tempo real à uma central de monitoramento. Quando os indicadores identificam alterações, como risco de entupimento, vazamento para fora da rede ou redução de capacidade, equipes da companhia são automaticamente acionadas.
O sistema também detalha dados de nível, vazão, chuvas, qualidade da água e indicadores ambientais, destacando pontos de atenção no mapa operacional. De uma sala de controle, os técnicos acompanham em tempo real o mapa dos sensores e, ao notarem uma luz vermelha, tomam providências para a correção do quadro.



Divulgação/Sabesp
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Segundo a Sabesp, a tecnologia já antecipou a solução de ocorrências operacionais em 36.341 ligações de esgoto, beneficiando mais de 200 mil pessoas.
Esgotos monitorados pela IA
Atualmente, estão instalados 315 sensores na cidade de São Paulo. Eles cobrem mais de 150 bairros da capital, em regiões populosas e de importantes atividades econômicas, como centros comerciais, hospitais, escolas e atrações turísticas.
Dentro da área de abrangência estão regiões como o centro histórico, a região do Parque Ibirapuera, Jardins, Pinheiros, Consolação, Pompeia, Pacaembu, Perdizes, Lapa, Vila Leopoldina, Higienópolis, Liberdade, Bela Vista, Vila Mariana e Moema. Com o sucesso da iniciativa, a Sabesp ainda prevê a instalação de quase 1.000 novos equipamentos no mês de dezembro.
Os primeiros pontos a receberem a tecnologia foram o bairro de Santana, na zona norte, em 2022, e a região do córrego Maranhão, no Tatuapé, na zona leste da capital, em 2023. A distribuição dos sensores foi planejada estrategicamente após levantamento de pontos sensíveis, incluindo áreas com grande presença de restaurantes e lanchonetes, onde o descarte irregular de óleo costuma causar entupimentos.
A Sabesp explica que quando é jogado óleo de fritura na pia ou ralos, o material acaba endurecendo dentro da tubulação de esgoto e forma uma parede — tal qual uma placa de gordura entope as veias e provoca infartos. Por isso, a empresa recomenda que o óleo nunca seja descartado na pia ou no vaso sanitário, e sim direcionado para reciclagem.
“O sistema de monitoramento de esgoto por sensores é de extrema importância na operação da Sabesp. Ele traz mais inteligência, precisão e rapidez ao trabalho das equipes, reduzindo riscos à população e impactos ambientais. Com essa tecnologia, conseguimos agir antes do problema acontecer. É uma tecnologia que permite detectar situações críticas com antecedência, reduzindo riscos de problemas como vazamentos e garantindo mais eficiência às operações”, destaca Maycon Abreu, diretor regional Centro da Sabesp.
Córregos também são acompanhados
O monitoramento vai além das ruas e imóveis, e protege também os córregos. A qualidade das águas é avaliada por meio dos indicadores DBO e DQO, que funcionam como um termômetro da saúde do ambiente aquático.
A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) mede a quantidade de oxigênio que micro-organismos precisam para decompor uma matéria orgânica de forma natural. Se a água tem muita sujeira, as bactérias vão trabalhar muito e, consequentemente, consumir muito oxigênio dissolvido. O problema é que esse oxigênio seria usado pelos peixes e outras vidas aquáticas, portanto, quanto menor o nível de DBO, melhor.
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Já o DQO é um processo para descobrir o quanto de sujeira pode ser decomposta em uma amostra de água. Mede a carga total de poluição oxidável, incluindo a sujeira que os micro-organismos não conseguem decompor. Os níveis elevados de ambos confirmam a presença de poluição orgânica e total, indicando a necessidade de ação corretiva.
“O sistema da Sabesp que transporta o esgoto para as estações de tratamento contribui para a qualidade da água de nossos córregos e rios. Com o monitoramento, nossas equipes podem atuar antes que algum entupimento prejudique essa operação, seja por algum lançamento indevido de materiais nas redes, seja por necessidade de manutenção corretiva”, ressalta Cesar Ridolpho, diretor regional Norte da Sabesp.
O que evitar para o bom uso do esgoto
Apesar dos avanços tecnológicos, a Sabesp adverte que o bom funcionamento das redes depende também das práticas da população.
São algumas das principais causas de obstruções:
- descarte de lixo sólido (panos, plásticos, fraldas, madeira, entulho);
- óleo de cozinha despejado em pias;
- ligações indevidas de água de chuva na rede de esgoto;
- materiais de obra jogados nas tubulações.
Essas práticas podem causar retornos de esgoto para a via pública ou em imóveis e até poluição de rios e córregos.


