A 24ª edição do concurso estadual “Qualidade do Café de São Paulo” premiou os melhores cafeicultores do estado. Com nota acima de 91, um casal de idosos de Barra do Turvo, cidade do interior paulista, foi reconhecido com o prêmio de melhor café de São Paulo.
Ozico Pereira e a esposa, Pedrina (foto de destaque), se destacaram na categoria arábica cereja descascado. Em entrevista ao Metrópoles, Camila Arcanjo, jurada do concurso, definiu o café da dupla como “excepcional”. Segundo ela, as características florais e de baunilha do produto chamaram a atenção dos avaliadores.
Divulgação/CATI
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Arquivo Pessoal/Rogerio Sakai
Durante a premiação, o casal recebeu o troféu das mãos do secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai, e comemorou a conquista.
“A gente sofreu muito para chegar até aqui, mas, agora, estamos colhendo os frutos. Ficamos muito felizes pela conquista desse prêmio”, agradeceu Pedrina.
Promovido pela Diretoria de Assistência Técnica Integral (CATI), órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), o concurso bateu recorde de participações neste ano, com cerca de 400 amostras recebidas. Além de Ozico e Pedrina, outros 49 produtores foram ranqueados pelas categorias arábica natural, arábica fermentado, arábica orgânico, arábica cereja descascado e canephora (conilion/robusta).
Apaixonados por café
Em entrevista ao Metrópoles, o casal Ozico e Pedrina contou que começou a plantar café no quintal de casa, em 2006. Na época, Ozico preparou 150 mudas, que foram plantadas e colhidas para o consumo da família.
A dupla, juntamente dos filhos, produzia apenas para o consumo familiar, sem esperar qualquer premiação. A situação mudou em 2020, quando “a Prefeitura de Barra do Turvo distribuiu 4 mil mudas para meus filhos e eles plantaram, cuidaram, colheram e assim todo o ano foi dando bons frutos”, explicou Pedrina.
A ação da prefeitura faz parte de uma lei municipal, em que a administração doa 30 mil mudas de café por ano aos agricultores familiares barra-turvenses. A assistência técnica é dividida entre órgãos parceiros, com apoio da Cati e da Fundação Instituto de Terras (Itesp).
Desde então, o casal acorda cedo, toma café da manhã e segue para a lavoura. No local, colhem o café maduro e levam para o terreiro de casa, onde é feita a secagem e o acompanhamento de perto de todo o processo.
“Nós levantamos cedo e trabalhamos até esquentar o sol”, diz Pedrina, que admite que ela e o marido estão mais cansados ultimamente porque “já temos 70 anos”. Cinco dos sete filhos ajudam o casal na lavoura do café.
O produto faz parte da rotina da família, que segundo a mulher, é “apaixonada em um café”.
“Nossa família, filhos, netos e bisnetos, todos são apaixonados em um café. E ficamos muito felizes em deixar essa tradição para que eles sigam em frente e nunca desistam como nós nunca desistimos”.
Como é feita a avaliação do café
Questionada pela reportagem, a jurada Camila Arcanjo explicou como funciona o sistema de notas do concurso: uma comissão organizadora recebe amostras de diversos produtores de café, os produtos passam por uma avaliação de parâmetros e depois são codificados para serem provados por jurados.
A avaliação sensorial começa com a torra do café, que é provado apenas no dia seguinte. Com base na degustação, uma equipe de jurados preenche uma ficha com 10 atributos, os quais cada um soma 10 pontos para a nota final. A codificação serve para que os membros do júri não sejam influenciados na votação.
De acordo com a jurada, essa edição do prêmio avaliou cafés “muito bons”. Ela destacou ainda que o produto vencedor foi uma grata surpresa, visto que Barra do Turvo não é uma região tradicional da cafeicultura de São Paulo.
“Foi muito emocionante ver esse casal ganhar o prêmio. O café é excepcional e Barra do Turvo nem é uma região tradicional”, contou Arcanjo.
Os melhores cafés paulistas de 2025 pertencem aos municípios de Barra do Turvo, Campinas, Brotas, Getulina e Itapira, conforme os resultados da premiação. Os demais vencedores da espécie arábica são o campineiro Tito Enrique da Silva Neto (modalidade fermentado), o brotense Rodrigo de Oliveira (modalidade natural) e o itapirense Ricardo Maklouf Junior (modalidade orgânico). O getulinense Paulo Sonehara ganhou na espécie canephora.
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Os vencedores ainda foram reconhecidos pelo Selo Agro SP Café. O distintivo oficial é uma marca de excelência, que amplia a capacidade de inserção do produto no mercado, fortalece a rastreabilidade e agrega valor para exportações e vendas.
Veja a lista completa dos vencedores (produtor – município – nota):
Coffea canephora
- Paulo Sonehara — Getulina (86,25)
- Gumercindo Fernandes da Silva — Adamantina (82,42)
- Talles Gabriel Martins da Conceição — Catanduva (82,25)
- André Tiveron Teixeira — Adamantina (82,08)
- Vanderlei Benites Scabilabrim — Tupi Paulista (80,75)
- Alex Mendonça de Carvalho — Registro (80,58)
- Altair Aparecido Berton — Paulicéia (80,33)
- Álvaro Troiano — Tupi Paulista (79,50)
- Edson Frasson Teixeira — Adamantina (78,92)
- Berenice Tiveron Teixeira — Adamantina (78,75)
Coffea arabica Convencional preparado via úmida
- Ozico Pereira — Barra do Turvo (91,10)
- Alexandre Magno Belchior Ribeiro — São Sebastião da Grama (89,45)
- Luis Eduardo dos Santos — Bragança Paulista (88,90)
- Andre Stein Carvalho Dias — São Sebastião da Grama (87,65)
- Homero Teixeira de Macedo Junior — São Sebastião da Grama (87,30)
- Luiz Eduardo de Bovi — Socorro (87,20)
- Melhen Khalil — Descalvado (87,10)
- Cassiano Terciotti Tosta — Garça (86,05)
- Arnaldo Alves Vieira — São Sebastião da Grama (85,90)
- Ricardo Maklouf Junior — Itapira (84,60)
Coffea arabica Convencional preparado via fermentação induzida
- Tito Enrique da Silva Neto — Campinas (89,40)
- João Paulo Ribeiro Capobianco — Socorro (88,70)
- João Hamilton dos Santos — Caconde (86,90)
- Rosana Aparecida Preto da Silva Marchi — Serra Negra (86,40)
- Vinícius Vicente de Carvalho Farias Santos — Serra Negra (86,30)
- Jonas Tadeu Ragazzo — Espírito Santo do Pinhal (86,00)
- Fábio Colletti Barbosa — Espírito Santo do Pinhal (85,55)
- Ricardo Maklouf Junior — Itapira (85,20)
- Roberto Broto Marchi — Serra Negra (85,05)
- Paulo Izidro Archanjo — Divinolândia (84,95)
Coffea arabica Convencional preparado via seca
- Rodrigo de Oliveira — Brotas (88,20)
- Mateus Valeiti Mengali — Divinolândia (87,95)
- Alexandre Magno Belchior Ribeiro — São Sebastião da Grama (87,65)
- Roberto Broto Marchi — Serra Negra (87,60)
- José Adil Braggion — Bragança Paulista (87,30)
- Rosana Aparecida Preto da Silva Marchi — Serra Negra (87,20)
- Paulo Izidro Archanjo — Divinolândia (86,90)
- Josué Augusto Pancini — Águas da Prata (86,65)
- João Hamilton dos Santos — Caconde (86,65)
- João Ferreira da Rocha — Socorro (86,45)
Coffea arabica Orgânico
- Ricardo Maklouf Junior — Itapira (85,81)
- Eduardo Secchi Munhoz — Itapira (85,75)
- João Paulo Ribeiro Capobianco — Socorro (85,06)
- Guilherme Custodio Vicentini — Altinópolis (84,58)
- Luis Claudio Cunha — Ribeirão Corrente (84,31)
- Reginaldo Farias Santos — Serra Negra (83,33)
- Agropecuária Minamihara Orgânicos — Cristais Paulista (82,17)
- Andre Luis da Cunha — Ribeirão Corrente (81,75)
- Edevarde Fonte — Serra Negra (81,31)
- Alexandre Henrique Leonel — Franca (80,81)
