O mundo da televisão entrou em polvorosa na semana passada após viralizar uma suposta denúncia da atriz Taís Araújo contra Manuela Dias, autora do remake de Vale Tudo. A famosa teria reclamado ao compliance da TV Globo com o objetivo de contribuir para o debate sobre a representação de pessoas negras nas produções da emissora. Mas, afinal de contas, o que é esse tal de compliance?
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Entenda
A coluna Fábia Oliveira conversou com Renato Trisciuzzi, especialista em compliance e liderança, que explicou o que significa compliance e o que pode acontecer aos envolvidos após as denúncias feitas ao setor.
Segundo o especialista, compliance nada mais é do que o conjunto de princípios, estruturas e práticas que garantem que a organização cumpra leis, regulamentos, políticas internas e padrões éticos. “Ele se destina a prevenir, detectar e responder a desvios de conduta, protegendo pessoas, a marca e o valor do negócio”, explicou.
Além de receber denúncias envolvendo atitudes que podem ir contra os princípios da empresa, o setor também é responsável por investigar tais reclamações, fazer avaliação de riscos, definir políticas e código de ética e realizar treinamento e comunicação.
Procedimentos
Após receber uma reclamação ou uma denúncia, o compliance deve seguir uma série de procedimentos. O primeiro passo é analisar se há um conflito de interesse e qual o grau de risco da denúncia. Em seguida, são coletadas evidências da suposta irregularidade, como e-mails ou outros arquivos.



Renato Trisciuzzi, especialista em Compliance e Liderança
Crédito: Anna David
Reprodução/Globo
Reprodução/Instagram/Globo
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A atriz Taís Araújo
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Ainda de acordo com Trisciuzzi, a partir daí criasse um plano de apuração, definindo quem irá investigar o caso, em qual prazo e com quais critérios. Em seguida, é feita a coleta de evidências e entrevistas com envolvidos e testemunhas. Com todos os dados em mãos, é criado um relatório de conclusão. Esse documento pode conter uma recomendação de ação caso a irregularidade seja comprovada.
E depois?
“A consequência depende dos fatos e das evidências”, explicou o especialista. “O leque vai de orientações, treinamentos e advertências até rescisão (inclusive por justa causa), além de medidas estruturais: revisão de processos e controles, sanções a fornecedores, ajustes contratuais, atualização de políticas, comunicações à autoridade e recuperação de perdas”, disse.
De acordo com Renato Trisciuzzi, porém, é necessário seguir a regra da proporcionalidade, com dosimetria adequada à gravidade do erro. “Nada é ‘automático’, tudo é técnico e rastreável. Mas é importante ressaltar que, inclusive, podem desencadear ações judiciais”, reforçou.
O especialista salientou que o canal de denúncias deve ser acessível a todos os funcionários e totalmente independente. “O compliance precisa de autonomia, alçada e rota de reporte à alta administração”, disse.





