O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta segunda-feira (3/11) que as forças de segurança do estado contabilizam cerca de 200 fuzis apreendidos em posse de criminosos em 2025.
Desse total, cerca de 80 unidades foram encontradas em uma fábrica clandestina desmantelada em operação policial realizada no final de agosto em Santa Bárbara d’Oeste, no interior paulista. A ação foi feita em conjunto entre a Polícia Militar de São Paulo e a Polícia Federal.
“Nós tínhamos 80 fuzis ali prontos para ser despachados para o crime organizado. Ao longo deste ano, nós já tivemos 10 mil apreensões de armas aqui no estado de São Paulo. Praticamente 200 fuzis foram apreendidos, tirados de circulação. A gente se surpreende, sim, com a ousadia dos criminosos que estão fazendo cópias de produtos de linha internacional, que são fabricados no exterior”, disse o governador durante agenda de entrega de moradias na capital paulista.
De acordo com Tarcísio, parte do armamento apreendido do Comando Vermelho (CV) durante a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro da semana passada, além do exterior, podem ter chegado na mão dos criminosos a partir de outros estados, como São Paulo.
“As armas não são produzidas no Rio de Janeiro. Muitas vezes são produzidas em outros estados por meio dessa falsificação e também fora do Brasil. E aí tem uma questão de vigilância de fronteira que sempre tem que vir à tona. É um desafio de efetivo, de tecnologia e de aplicação de recursos. Temos que ter a capacidade de vigiar essa faixa enorme de fronteira seca, vigiar os rios da região amazônica, as entradas e saídas em portos importantes, como o Porto de Santos“, disse o governador.
Liberação de Derrite
- Em entrevista concedida após a entrega de moradias na zona leste de São Paulo, Tarcísio confirmou que deve exonerar o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), para que ele retome o mandato de deputado federal.
- Derrite deve relatar na Câmara dos Deputados o projeto de lei que prevê a equiparação de grupos criminosos como o PCC e CV a organizações terroristas.
- “Obviamente o Derrite vai ajudar. Vai ser liberado nessa semana ou na próxima para já relatar esse projeto que está na mão, que é o projeto do (deputado federal) Danilo Forte, que é para classificar determinadas ações de facções criminosas como ações terroristas. Acho que a sociedade está esperando uma resposta”, disse o governador.
- A mudança de classificação de grupos como o PCC e o Comando Vermelho para terroristas tem sido defendida por políticos de direita após a repercussão da megaoperação no Rio de Janeiro ocorrida na terça-feira (28/11), que deixou ao menos 121 mortos e se tornou a incursão policial mais letal da história do país.
- O projeto de lei foi apresentado em março pelo deputado Danilo Forte (União-CE) e propõe alterar a Lei Antiterrorismo, de 2016, para “estender sua aplicação a organizações criminosas e milícias privadas que realizem atos de terrorismo, além de estabelecer aumento de pena para atos cometidos por meio de recursos cibernéticos”.
Críticas ao projeto
A mudança de enquadramento, contudo, vai em direção oposta ao que defende o governo Lula (PT), que entende que organizações como o PCC e o CV não podem ter essa classificação por não terem inclinação ideológica.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, já se manifestou no passado contra o projeto. Segundo ele, a medida relativiza o entendimento sobre organizações terroristas:
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“Grupos terroristas são aqueles que causam perturbação social, política grave e têm uma inclinação ideológica. Isso não acontece com as organizações criminosas, que são relativamente fáceis de se identificar porque praticam crimes que estão capitulados no Código Penal e na legislação extravagante. Grupos terroristas são organizações de outra natureza, e não temos nenhuma intenção de confundir os dois conceitos”, afirmou Lewandowski em 23 de outubro.
Críticos da proposta também afirmam que o texto pode abrir brecha para “intervenções estrangeiras” no Brasil. Nas últimas semanas, o governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, vem promovendo operações navais contra supostos “narcoterroristas” nas costas da Colômbia e da Venezuela.
