O texto final da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA), amplia o financiamento para nações pobres que enfrentam as consequências do aquecimento global, mas deixou de fora a descontinuação do uso de combustíveis fósseis.
O documento do “Mutirão Global”, de oito páginas, não faz nenhuma menção a combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral.
Entretanto, ficou acordado que essa pauta poderia ser apresentada pelo Brasil em um texto paralelo — já que o país é o anfitrião da COP30, encerrada em sessão na tarde deste sábado (22/11).
A ausência dessa menção já era esperada nos últimos dias, quando o Brasil apresentou um rascunho que deixava de fora a redução dos combustíveis — principal causa do aumento da temperatura global.
Ao discursar no encerramento da COP30, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o governo brasileiro sonhava com mais resultados do que os efetivamente aprovados.
“Se pudéssemos voltar no tempo e conversar com nós mesmos na Rio-92 [conferência realizada no Brasil, em 1992], o que aquelas versões de nós nos diriam ao olharem para os resultados de hoje? Certamente nos diriam, antes de tudo, que sonhávamos com muito mais resultados”, declarou Marina.
Abertura da COP30
Ricardo Stuckert / PR
Abertura da COP30
Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com líderes mundiais na foto oficial da Cúpula do Clima, que antecede a COP30 em Belém
Ricardo Stuckert/PR
Lamentações
Antes da sessão de encerramento, quando já havia noção do teor do rascunho, a União Europeia expressou “decepção” com a proposta.
“Isso está muito aquém da ambição que precisamos para a mitigação das mudanças climáticas. Estamos decepcionados com o texto que está sendo discutido ”, disse o Comissário Europeu para o Clima, Wopke Hoestra, em um comunicado.
O Observatório do Clima, organização não governamental que reúne diversas entidades ambientalistas, também criticou o documento, alegando que o texto apresentado “não pode ser aceito como resultado da conferência”.
“O chamado ‘Pacote de Belém’, o conjunto de decisões da COP30 publicado na madrugada desta sexta-feira (21), é desequilibrado, e não pode ser aceito como resultado da conferência. Os rascunhos apresentados são fracos nos pontos em que avançam e omissos num tema crucial: eles não atendem à determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o apoio de 82 países, de fornecer um roteiro para implementar a transição para longe dos combustíveis fósseis. Esta expressão, aliás, não aparece em nenhum lugar dos 13 textos publicados”, criticou a ONG.
