No último domingo (2), em entrevista ao programa “60 Minutes” da CBS, ao ser perguntado sobre a eleição para prefeito na maior cidade dos Estados Unidos, Nova York, o presidente Donald Trump chamou Zohran Mamdani de “comunista”.
Ontem, em sua rede Truth Social, mal começara o dia, Trump criticou os apoiadores judeus de Mamdani dizendo que “qualquer judeu” que votasse nele, “um autoproclamado odiador de judeus”, seria uma pessoa “estúpida”. E ameaçou:
“Se o candidato comunista Zohran Mamdani vencer, é altamente improvável que eu contribua com fundos federais, além do mínimo exigido. A cidade de Nova York será um completo e total desastre econômico e social”.
Mais de 735 mil moradores da cidade votaram durante o período de votação antecipada, que bateu recordes, e as autoridades estimavam que a participação poderia ultrapassar dois milhões até o final do dia da eleição. Foi o que aconteceu.
Um legislador estadual socialista de 34 anos que se transformou em uma voz eletrizante para os nova-iorquinos desiludidos com o custo de vida exorbitante e uma velha guarda política envolvida em escândalos, Mamdani se elegeu prefeito pelo Partido Democrata.
As democratas Abigail Spanberger e Mikie Sherrill venceram as eleições para os governos dos estados de Virgínia e Nova Jersey, respectivamente. Tais resultados servem como um indicador da resposta inicial dos americanos ao segundo governo Trump.
Mamdani faz história. Será o prefeito mais jovem de Nova York desde o século XIX, o primeiro prefeito muçulmano e o primeiro de ascendência sul-asiática. Nascido em Uganda, também será o primeiro imigrante naturalizado a ocupar o cargo desde 1970.
Entrou na disputa há um ano como uma espécie de candidato de protesto, com um currículo fraco e praticamente nenhum reconhecimento na cidade. Fez campanha como um insurgente contra o establishment político e empresarial de Nova York.
Defendeu o aumento de impostos para os ricos, a gratuidade do transporte público e das creches, o congelamento do aluguel de apartamentos e a reformulação do Departamento de Polícia. Seus adversários não foram páreo para ele nas redes sociais.
Antes mesmo da abertura das urnas na terça-feira, Trump e seus acólitos começaram a chamar de “uma grande fraude” a votação na Califórnia para redesenhar os distritos eleitorais do Congresso antes das eleições de meio mandato do ano que vem.
Provas? Não apresentaram. Mas isso não importa. Trump nunca reconheceu a vitória do democrata Joe Biden nas eleições de 2020. Segundo ele, houve fraude.
Trump lembra quem? Pois é.
