Depois de experimentar o amor e a alegria de ter o primeiro pet, é impossível não querer levar para casa todos os outros que vê pela frente. É por conta disso que muitas pessoas, “de repente”, acabam deixando a casa mais cheia de animais do que de humanos.
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Se ter apenas um já demanda algumas responsabilidades, imagina ter vários. Tempo, espaço suficiente, alimentação e higiene adequadas, além de cuidados de saúde para todos são alguns do principais fatores para manter tantos pets saudáveis em um mesmo ambiente.



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Ranna Sousa, docente de medicina veterinária, afirma que existem alguns erros comuns que passam despercebidos em lares com muitos animais. Mesmo que as façam sem perceber, essas atitudes dos tutores podem comprometer o bem-estar de todo o grupo.
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Mais pets, mais atenção
Segundo Ranna, um desses erros é a superlotação, pois aumenta o estresse, a disseminação de doenças e a agressividade. A oferta insuficiente de recursos, como potes, caixas de areia e espaços de descanso também é um problema. “Higiene inadequada, especialmente caixas de areia sujas, potes mal lavados e acúmulo de pelos.”
A profissional explica que muitos tutores deixam de observar cada animal individualmente, o que permite que doenças progridam silenciosamente. “Não oferecem enriquecimento ambiental, não fazem introdução gradual de espécies ou personalidades diferentes e deixam cuidados básicos atrasarem, o que aumenta riscos sanitários.”

Para prevenir condições de saúde e manter o bem-estar, ela acrescenta que a higiene em lares com vários pets deve ser intensa e contínua.
Algumas orientações são:
- Caixas de areia precisam ser limpas diariamente e totalmente trocadas semanalmente;
- Potes de água e ração devem ser lavados todos os dias para evitar biofilme bacteriano;
- Fezes devem ser retiradas imediatamente do ambiente;
- A remoção de pelos com aspirador deve ocorrer várias vezes por semana, enquanto caminhas, mantas e tapetes precisam ser lavados semanalmente;
- Desinfecção de pisos, gaiolas e superfícies é fundamental;
- Controle rigoroso de pragas e quarentena de novos animais sempre que possível.
Organização da casa e sinais de alerta
A organização também faz parte dos cuidados. “Para reduzir estresse, disputas territoriais e brigas, especialmente entre espécies diferentes, é essencial planejar o ambiente com base na multiplicação de recursos e na criação de zonas funcionais.”
Ranna afirma que a casa deve ser divida em áreas específicas: alimentação, descanso, eliminação, brincadeiras e rotas de fuga. Para os felinos, espaços verticais são indispensáveis. Já para a segurança de aves e roedores, as gaiolas devem ficar em locais altos e longe de outros pets predadores.

“É importante multiplicar recursos seguindo a regra ‘número de animais + 1’, garantindo potes, caixas de areia e locais de descanso suficientes. Por fim, rotinas previsíveis de alimentação e interação reduzem significativamente a ansiedade e os conflitos”, orienta a coordenadora de medicina veterinária da Faculdade Anhanguera.
Quando o ambiente não está saudável para todos, é preciso ficar atento aos sinais. Mudanças sutis no comportamento, como redução do apetite, isolamento, sono excessivo, agressividade repentina, coceira, vômitos, diarreia, vocalização intensa e falta de higiene em gatos, são alertas.
“Monitore cada pet individualmente com pesagens semanais, fotos para acompanhar alterações físicas e pequenas anotações diárias. Conhecer o ‘normal’ de cada pet é essencial para reconhecer desvios. Se três ou mais sinais aparecem juntos ou permanecem por 24 a 48 horas, a avaliação veterinária é indicada”, aconselha.
Como não ultrapassar limites
Manter uma convivência harmoniosa entre espécies diferentes pode ser um pouco mais desafiador. Nesses casos, segundo Ranna, é fundamental separar ambientes conforme demandas individuais. O enriquecimento deve ser personalizado e o tutor deve estabelecer rotinas de estímulos adequados, evitando sobrecarga sensorial.

Para prevenção de estresse e ansiedade, oferecer tempo individual de atenção, brincadeiras separadas e controle de ruídos faz toda diferença. Além disso, acompanhamento veterinário e comportamental ajusta o manejo de acordo com a evolução do grupo.
Apesar de não existir um número máximo, é preciso respeitar certos limites quando a casa já não oferece um ambiente adequado para todos os pets. “O limite depende do espaço disponível, dos recursos, da rotina e da capacidade do tutor de garantir os pilares de bem-estar.”
“A casa deixa de comportar novos animais quando ocorre falta de recursos básicos, dificuldade para manter a higiene diária, aumento de brigas, estresse, marcação de território, doenças recorrentes, atraso em vacinas ou quando o tutor não consegue oferecer atenção individual”, alerta.
A especialista acrescenta que é sinal de excesso quando o local apresenta odor forte, sujeira acumulada e quando os custos são altos demais para manter a qualidade. “Sempre que um ou mais dos Cinco Domínios (nutrição, ambiente, saúde, comportamento e estado mental) começam a falhar, o limite já foi ultrapassado”, conclui.



