O ano de 2025 termina como um dos mais caros da história. Marcado por um colapso climático que atingiu todas as regiões do planeta, assistimos, ao longo dos meses, a uma sucessão de furacões, inundações devastadoras, ondas de calor extremas e secas prolongadas. As consequências extrapolam as estatísticas: afetam diretamente a saúde humana, desorganizam os sistemas alimentares dos quais dependemos e corroem ecossistemas inteiros, comprometendo a própria base da vida.
O relatório Counting the Cost 2025, publicado pela ONG Christian Aid, apresenta a matemática implacável dos dez principais eventos climáticos extremos do ano. Um compilado de desastres que custaram ao mundo mais de 122 bilhões de dólares em 2025. E esse número, alerta o documento, é conservador: considera apenas perdas seguradas, deixando de fora danos incalculáveis, como vidas perdidas e deslocamentos forçados.
Entre os episódios mais devastadores está a grande seca que assolou praticamente metade do território brasileiro no primeiro semestre do ano. Condições severas de estiagem derrubaram os níveis dos rios, pressionaram o abastecimento de água nas áreas urbanas e tornaram ainda mais vulneráveis comunidades indígenas e populações rurais, para quem a escassez hídrica é também uma ameaça à sobrevivência cultural.
As consequências econômicas já eram esperadas. Aqui no Brasil, apenas entre janeiro e junho, a seca causou cerca de US$ 4,75 bilhões em perdas, com a agricultura sendo o setor mais atingido. Safras foram comprometidas, incêndios se intensificaram e a insegurança alimentar avançou silenciosamente.
Nos Estados Unidos, um dos maiores emissores históricos de gases de efeito estufa, os incêndios florestais na Califórnia configuraram o desastre climático individual mais caro do ano, com cerca de 60 bilhões de dólares em danos e mais de 400 mortes – um retrato brutal de como a crise climática também cobra seu preço no coração das economias mais ricas.
O relatório, claro, reforça a urgência de reduzir drasticamente as emissões de carbono e acelerar a transição para fontes de energia renovável. Destaca ainda uma injustiça estrutural: os países mais pobres, que menos contribuíram para a crise climática, seguem sendo os mais atingidos por seus impactos.
O impacto econômico das emissões é mensurável. Estima-se que os danos tenham alcançado US$ 28 trilhões apenas entre 1991 e 2020. Sem uma redução urgente das emissões, o preço a pagar seguirá crescendo – não apenas em cifras, mas em sofrimento humano e vidas interrompidas.
