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    Após prisão do irmão, filho de Cid Moreira desabafa sobre abandono

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    A prisão de Rodrigo Radenzév Simões Moreira, filho de Cid Moreira, após ser denunciado pela ex-mulher por agressão, ainda está rendendo. Roger Moreira, que foi adotado pelo jornalista, enviou um texto exclusivo para a coluna onde afirma que o comunicador foi um “pai ausente” e isso teria causado dor e sentimento de abandono nele e no irmão.

    “Falar sobre dor nunca é simples. Falar sobre família, abandono e suas consequências, menos ainda. Sou Roger, filho adotivo de Cid Moreira. E escrevo não para justificar erros, crimes ou violências — porque nada disso se justifica —, mas para contextualizar histórias que começaram muito antes do que hoje vira manchete”, começou ele.

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    E continuou: “Cid Moreira foi um homem brilhante na profissão, admirado por milhões. Mas, dentro de casa, foi um pai ausente, emocionalmente distante e, muitas vezes, cruel em seus julgamentos”, disparou.

    A história de Rodrigo

    De acordo com o irmão, Rodrigo, filho biológico do apresentador, é fruto de um relacionamento extraconjugal e foi abandonado pelo pai ainda criança, por volta dos 3 anos: “Cresceu sem referência paterna, sem afeto, sem cuidado. O abandono não desaparece com o tempo — ele se transforma. Em muitos casos, vira revolta, autodestruição, dependência química, escolhas ruins. Nada disso isenta responsabilidades individuais, mas explica origens”, observou.

    Após prisão do irmão, filho de Cid Moreira desabafa sobre abandono - destaque galeria7 imagensRoger Moreira afirmou que Cid Moreira foi um "pai ausente"Após prisão do irmão, Roger Moreira, filho de Cid Moreira, desabafa sobre abandonoRodrigo Radenzév Simões Moreira é filho de Cid MoreiraDa esquerda para a direita: Rodrigo, Cid e Roger MoreiraCid MoreiraFechar modal.MetrópolesRoger Moreira foi adotado por Cid Moreira1 de 7

    Roger Moreira foi adotado por Cid Moreira

    Redes sociais/ReproduçãoRoger Moreira afirmou que Cid Moreira foi um "pai ausente"2 de 7

    Roger Moreira afirmou que Cid Moreira foi um “pai ausente”

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    Após prisão do irmão, Roger Moreira, filho de Cid Moreira, desabafa sobre abandono

    Redes sociais/ReproduçãoRodrigo Radenzév Simões Moreira é filho de Cid Moreira4 de 7

    Rodrigo Radenzév Simões Moreira é filho de Cid Moreira

    Reprodução/Record e GloboDa esquerda para a direita: Rodrigo, Cid e Roger Moreira5 de 7

    Da esquerda para a direita: Rodrigo, Cid e Roger Moreira

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    Cid Moreira

    Reprodução/InstagramCid Moreira7 de 7

    Cid Moreira

    Cedoc/TV Globo

    Logo depois, ele falou sobre a primogênita do pai: “Jaciara era uma jovem extremamente inteligente, culta, falava línguas, tinha uma voz linda e um futuro promissor. Mas também foi vítima da rejeição, do preconceito e da falta de afeto do próprio pai. Sofreu por não se encaixar em padrões físicos e morais impostos por ele. Afundou-se no uso de drogas, teve sua saúde mental profundamente afetada e passou por sucessivas internações psiquiátricas. Sua história é um retrato cruel de como a ausência emocional pode destruir talentos e vidas”, contou, antes de completar:

    “Durante uma dessas internações, Jaciara teve um filho, Alexandre. Um jovem sensível, artístico, afeminado — tudo aquilo que o avô abominava. Alexandre tentou seguir carreira artística, sonhou, foi ridicularizado, inclusive pelo próprio avô, por ‘não parecer homem o suficiente’. Pouco depois, morreu tragicamente aos 21 anos, em um acidente de carro. Uma vida interrompida cedo demais, carregando o peso de rejeições que nunca deveriam ter existido”, recordou.

    História pessoal

    Ainda no desabafo, Roger Moreira contou sua história: “Eu, filho adotivo, também não escapei ileso. Fui adotado porque correspondia ao padrão que ele desejava: imagem, comportamento, utilidade. Enquanto servi às expectativas dele, fui aceito”, detalhou.

    E prosseguiu com seu relato: “Quando quis viver minha própria vida, assumir quem sou, amar, existir fora do controle dele, passei a ser rejeitado. O vínculo foi rompido de forma violenta, a ponto de se tentar desfazer até a própria adoção. O amor, ali, sempre foi condicionado”, garantiu.

    O caso do irmão

    Na sequência, ele falou sobre a prisão do irmão: “Hoje, ver Rodrigo envolvido em violência doméstica, drogas e armas não me causa surpresa — causa tristeza. Tristeza profunda. Porque essas histórias não nascem do nada. Elas são frutos de abandono, rejeição, silêncio, preconceito e ausência de afeto”, pontuou.

    Roger Moreira ainda contemporizou: “Nada justifica a agressão a uma mulher. Nada. Mas compreender a origem das feridas não é passar pano — é romper ciclos. Todos nós, filhos de Cid Moreira, carregamos sequelas gravíssimas dessa criação. Alguns não resistiram. Outros seguem lutando para não repetir a mesma história”, declarou.

    Ele aproveitou para pedir: “Que esse caso sirva não para espetáculo, mas para reflexão: o abandono emocional mata, adoece e destrói — mesmo quando vem de pessoas inteligentes, influentes e admiradas. O silêncio também é uma forma de violência”, queixou-se.

    Apoio ao irmão

    Durante o desabafo, o filho adotivo de Cid Moreira comentou que vai dar apoio ao irmão: “Quero deixar algo absolutamente claro. Neste momento difícil, eu jamais poderia largar da mão do meu irmão. Jamais. Não porque eu concorde com erros ou violências — porque não concordo —, mas porque abandoná-lo agora seria repetir exatamente a violência que o marcou a vida inteira”, analisou.

    E opinou: “Meu irmão passou a vida sendo rejeitado, afastado, invisibilizado. Cresceu sem afeto, sem acolhimento, sem referência paterna. Virar as costas para ele justamente quando ele precisa de ajuda seria mais um abandono, e eu não carrego isso na minha consciência”, assumiu.

    Responsabilização

    No texto, Roger Moreira falou sobre responsabilização: “A responsabilidade individual existe, e deve existir. Mas a responsabilidade humana também. Estender a mão não é passar pano; é tentar impedir que uma história de dor continue produzindo tragédias”, observou.

    Ele ainda recordou: “Também é impossível ignorar que o afastamento entre pai e filhos se aprofundou ainda mais nos últimos anos de vida de Cid Moreira. Esse afastamento não aconteceu por acaso. Ele foi incentivado, alimentado e mantido por quem esteve ao lado dele no final da vida — especialmente por ela [viúva do jornalista, Fátima], pessoa que mais se beneficiou financeiramente dessa ruptura. Fala-se muito em Deus, em fé, em moral cristã. Mas que fé é essa que não promove reconciliação? Que fé é essa que não incentiva um pai a conversar com os próprios filhos, a ouvir, a acolher, a tentar compreender?” questionou.

    Críticas à madrasta

    O filho do jornalista ainda criticou a madrasta: “Uma pessoa de boa índole não afasta. Uma pessoa de boa índole não estimula julgamentos, não alimenta rancores, não transforma conflitos familiares em muros intransponíveis. A vida inteira fomos julgados. Julgados por aparência, por escolhas, por quem somos. E isso destrói”, disse.

    E finalizou: “Eu escolho não julgar. Escolho não abandonar. Escolho não repetir a violência emocional que atravessou gerações nessa família. Ajudar meu irmão agora não é negar o que aconteceu. É tentar impedir que o abandono continue fazendo mais vítimas. Porque se há algo que aprendi com toda essa história é que o abandono mata aos poucos — e eu me recuso a ser parte disso”, encerrou.