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Balanço de Final de Ano (por Ricardo Guedes)

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Balanço de Final de Ano (por Ricardo Guedes)

1. Trump tomou posse da Presidência dos Estados Unidos e disturba o mundo. Cria tarifas ineficazes para a solução dos problemas dos Estados Unidos, afetando a todos, e age fora dos parâmetros dos ideais de liberdade e do mercado que deram origem à grande nação. Os preços nos Estados Unidos aumentam mais do que os ganhos e a popularidade de Trump despenca para a casa dos 33%. Vai melhorar? Não, porque a lógica é a do poder, e não a da representatividade. As antigas corporações, as do petróleo, por exemplo dentre outras, e as novas corporações das IAs, nadam de braçada. Trump age para a continuidade de seu poder, independentemente de resultados eleitorais.

2. No mundo, avança o fascismo. Depois dos Aliados derrotarem o Eixo na 2ª Guerra Mundial, o fascismo paira sobre as nações. A economia de mercado, que deveria ter sido distributiva, concentra a riqueza, com a compressão das classes médias e crescimento de lideranças extremistas. A “racionalidade”, tão desejada nas ideias Baconianas, e almejada ao longo da Revolução Industrial, perde o campo para a violência e o ódio, sem maiores perspectivas de ser diferente daqui para a frente. Em verdade, somente aumenta. Cai o império da razão.

3. A COP30 e os Organismos Internacionais pouco avançam em decisões que possam fazer diferença no problema do aquecimento do planeta e do equacionamento do uso dos recursos naturais. A economia confronta a ecologia, na progressiva destruição do planeta.

4. As guerras proliferam. O que vimos em Gaza foi de estarrecer, se você estivesse do lado de lá. A Guerra da Ucrânia continua sem solução, em posição de “stalemate” entre a Rússia e o Ocidente, característica do Dilema do Prisioneiro da Teoria dos Jogos, o que, em linguagem coloquial, significa “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. A não ser que seja estabelecida uma PAX Romana, imposta pelos Estados Unidos e Rússia, dentro de uma negociação geopolítica espúria entre os dois países em detrimento da Ucrânia e da Europa. Na Guerra do Oriente, Trump bombardeia o Irã, o país com o maior PIB e o mais industrializado dentre os países Islâmicos não Árabes, detentor de 10% das reservas mundiais de petróleo. Os Estados Unidos agora seguem em direção à Venezuela, detentora de 18% das reservas de petróleo do mundo. Rússia e China começam a se posicionar. A entrada dos Estados Unidos na Venezuela, sem precedentes na história da América Latina, constitui-se em uma ameaça não somente à Venezuela, mas a todos os países da Região Amazônica, a médio e longo prazos, inclusive e principalmente ao Brasil, detentor de 80% da Bacia Amazônica e de suas florestas e minerais, juntamente com outros 8 países.

5. O Brasil continua estancado em US$ 2,2 trilhões no PIB desde 2010, sem perspectivas de crescimento. De 2010 a 2024, o PIB do mundo cresceu de US$ 67 trilhões para US$ 111 trilhões; Estados Unidos, US$ 15 trilhões para US$ 29 trilhões; União Europeia, US$ 15 trilhões para US$ 19 trilhões; China, US$ 6 trilhões para US$ 19 trilhões. O Brasil é um país fraco, sem força política ou econômica, com o PIB estimado pelo FMI para 2025 mantido em US$ 2,2 trilhões. Por cá, grassa a “corrupção da política corporativa” na manutenção do poder em detrimento da população e do desenvolvimento.

 

Avanços? Nada comparado aos detrimentos.

 

Um pequeno balanço.

Ricardo Guedes é Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago e Autor do livro “Economia, Guerra e Pandemia: a era da desesperança”

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