A escolha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo filho Flávio para ser candidato à presidência pelo PL tem forte impacto na corrida pelo Planalto em 2026. A decisão de Bolsonaro define junto o futuro do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que pode se concentrar na campanha à reeleição, mas representa um dilema para outros pré-candidatos da direita, os governadores Ratinho Jr. (PSD), do Paraná; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais.
A escolha de Flávio pelo pai foi adiantada pelo Metrópoles, na coluna de Paulo Cappelli.
Ao contrário de Tarcísio, que termina seu primeiro mandato no ano que vem e pode concorrer à reeleição sonhando com voos maiores em 2030 em caso de nova vitória, os demais presidenciáveis da direita vão concluir 8 anos à frente do Executivo de seus estados e precisam concorrer a outros cargos se quiserem continuar políticos com mandato.
A preferência de Bolsonaro por Flávio, porém, tira muito do espaço de quem quer fazer campanha ao Planalto no campo da direita e uma escolha mais conservadora, como uma candidatura ao Senado, pode ser um caminho menos espinhoso.
Nenhum dos pré-candidatos deve sinalizar sua desistência tão cedo, até porque é preciso saber se a campanha de Flávio Bolsonaro vai vingar. Mas, até agora, todo o grupo contava com uma possível bênção ou ao menos apoio indireto do ex-presidente, que está preso na Superintendência da PF em Brasília, cumprindo pena pela condenação a mais de 27 anos por ter liderado trama golpista contra a vitória eleitoral de Lula em 2022.
Caiado, por exemplo, manifestou-se após a divulgação da notícia e disse que cabe respeitar a decisão do ex-presidente. “Da minha parte, sigo pré-candidato a presidente e estou convicto de que no próximo ano vamos tirar o PT do poder e devolver o Brasil aos brasileiros”, afirmou o goiano.
Um governador do campo da direita que corre bem por fora e não deve ser impactado pela chegada de Flávio Bolsonaro na corrida é o gaúcho Eduardo Leite (PSD), que já não contava com o apoio bolsonarista e tenta se posicionar mais ao centro.



Governador Tarcísio de Freiras e o senador Flávio Bolsonaro
Foto de leitor/ coluna Paulo Cappelli
Governador do Paraná, Ratinho Junior, e ex-presidente Jair Bolsonaro
Rafaela Felicciano/Metrópoles
Bolsonaro e Flávio
Reprodução/Redes sociais
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, participa de entrevista no Contexto Metrópoles, nesta quarta-feira
KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES
Ronaldo Caiado
Aline Massuca/Especial Metrópoles
Michelle Bolsonaro, Bia Kicis e Flávio Bolsonaro no evento de lançamento da pré-candidatura de Bia Kicis ao Senado
Reprodução/Instagram
Flávio diz que Bolsonaro está preocupado com origem da comida na PF
Divulgação/TV Metrópoles
Flávio e Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos
Reprodução/Instagram
O que dizem as pesquisas
O nome do senador Flávio Bolsonaro não vinha sendo testado nas principais pesquisas eleitorais, mas o peso do sobrenome Bolsonaro pode ser aferido por aproximação.
Em pesquisa Datafolha divulgada no sábado (6/12), o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria, em segundo turno, todos os concorrentes. Os cenários são estimulados. A vantagem mais apertada seria sobre Tarcísio (5 pontos). No caso de Michelle, a diferença iria para 7 pontos. Já em relação a Flávio, aumentaria para 15 pontos.
Em levantamento da Atlasintel divulgado no início de dezembro, Lula venceria por margem apertada em cenários com os nomes de Jair e de Michelle Bolsonaro (49% a 47%). Também testado, Tarcísio conseguia o mesmo desempenho.
Os demais pré-candidatos da direita pontuam pior que os Bolsonaros contra o petista. No caso de Zema e Caiado, o resultado da pesquisa foi vitória de Lula por 49% a 41%. No caso de Ratinho Jr., 49% x 40% com o atual presidente à frente.
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Além de Tarcísio, Michelle também fica no caminho
Outro nome ligado a Bolsonaro que vinha sendo especulado e testado como cabeça de chapa ou vice na corrida ao Planalto era o da ex-primeira-dama Michelle, presidente do PL Mulher. Ela inclusive se envolveu em recente disputa pública contra Flávio e os demais enteados por causa de desavenças sobre os caminhos do PL na disputa pelo governo do Ceará. Na ocasião, ela “ganhou” e conseguiu enterrar a aliança do partido com o ex-ministro Ciro Gomes (PSDB) no estado nordestino.
Com Flávio se oficializando o pré-candidatod o pai, porém, Michelle fica com essa porta fechado e deve se voltar ao plano de concorrer a uma vaga no Senado pelo Distrito Federal.
Centrão não compra Flávio de cara
A escolha do ex-presidente não agrada os caciques do Centrão, que preferiam se unir em torno de uma candidatura de Tarcísio de Freitas contra Lula, considerada mais competitiva por quem aponta o forte rejeição ao sobrenome Bolsonaro como um problema.
Por isso, a pré-candidatura do filho mais velho do ex-presidente não foi celebrada por outros chefes de partido para além de Valdemar Costa Neto, chefe do próprio PL. Nos bastidores do Centrão, a ordem é aguardar para ver a recepção popular a essa notícia e a capacidade do senador de se manter viável ao longo de uma corrida que desgasta muito quem entra no início.
Alinhado com o Centrão na preferência por Tarcísio, o mercado financeiro também não recebeu com alegria a decisão de Bolsonaro. Logo após a notícia, na tarde de sexta, a Bolsa desabou e o dólar disparou.




