A fronteira da transição energética abre, além das possibilidades da diversificação de fontes de abastecimento para a sociedade, novas formas de desenvolvimento tecnológico. Com o Brasil não está sendo diferente.
A “última fronteira” hoje é a geração eólica offshore, ou seja, com os aerogeradores instalados dentro do mar, ao longo da costa.
A planta-piloto de eólica offshore no país já recebeu licença prévia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para instalação e está avançando no investimento em pesquisa.
No fim de novembro, foi aberto o edital para investimentos de pesquisa relacionados ao parque, que será instalado no mar de Areia Branca, município do Rio Grande do Norte a 330 km da capital Natal.
A previsão é de que aproximadamente R$ 42 milhões sejam aplicados na primeira etapa de pesquisa ao longo de três anos.
O programa envolve projetos de engenharia e análises de condições de produção, com compartilhamento de riscos financeiros, tecnológicos e de conhecimento entre as empresas participantes.
O edital foi lançado pelo Senai-RN, por meio do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e a empresa DOIS A Engenharia e Tecnologia.
Rodrigo Mello, diretor do Senai-RN e do ISI-ER, afirma que a expectativa é de reunir diferentes empresas em um arranjo cooperativo multilateral para desenvolver soluções que respondam a questões técnicas e socioambientais sobre a atividade, ainda inédita no país.
O projeto prevê o desenvolvimento, a nacionalização e a validação de tecnologias e soluções de construção e logística para a instalação de turbinas eólicas offshore, adaptadas às condições da costa brasileira.
“Certamente, ao final desse processo, teremos, de forma madura, respostas em todos os níveis envolvidos para a sociedade da região que está no entorno e de todo o Brasil, buscando fortalecer a matriz energética do país, que tem características extremamente limpas, renováveis e muito competitivas, além da geração de novas oportunidades através da ciência e da tecnologia”, afirmou Rodrigo Mello.
O futuro da geração de energias renováveis no Brasil, assim como o presente, terá forte participação do Rio Grande do Norte. O estado potiguar é o mais sustentável em energia limpa do país.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), aproximadamente 99% da energia produzida no RN em 2025 foi de fontes renováveis. Esse é o maior índice entre os estados brasileiros.
O Rio Grande do Norte se consolidou também na liderança absoluta em produção de energia eólica: é responsável por 32% de toda a produção nacional.
Atualmente, o estado tem capacidade para gerar 10 gigawatts de energia eólica. Esse potencial é suficiente para abastecer cerca de 5 milhões de residências ou 20 milhões de pessoas.
Nesse contexto, o Rio Grande do Norte e o Ceará são os estados que têm as melhores áreas de costa marítima para a geração de energia eólica offshore, com fatores de capacidade que ultrapassam 80%.
As expectativas são positivas e estima-se que o Brasil tem grande potencial para se tornar um polo de atração de investimentos do segmento.
