Anos antes da morte, Brigitte Bardot ficou cara a cara com a também falecida Rita Lee, que entrevistou a atriz francesa para a capa da Revista ELA, em 2018. Estrela de filmes como E Deus Criou a Mulher (1956), Brigitte morreu neste domingo (28/12), aos 91 anos.
A conversa entre os ícones da arte conteceu após Bardot lançar o livro Lágrimas de Combate, em que relata o motivo de deixar o estrelato das telas para se dedicar à luta pelos direitos dos animais – pauta da qual Rita Lee também foi grande defensora no Brasil.
No bate-papo, a estrela da música brasileira fez uma série de perguntas à icônica atriz francesa, desde a relação dela com o cinema, o que Bardot pensava da morte e como ela gostaria de ser lembrada após o falecimento.
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“A morte me dá medo porque ela é monstruosa, e eu só gosto do que é belo”, confessou a Rita Lee. “Mas o que ficará marcado para sempre como o mais inesquecível é o combate contra o massacre das focas, que foi uma vitória conquistada depois de 30 anos de espera”, comemorou Bardot.
Em 1977, Brigitte Bardot viajou até o Ártico para chamar a atenção para a proteção dos filhotes de focas. O assunto ganhou repercussão internacional e, em 1986, ela criou a Fundação Brigitte Bardot, que se tornou referência internacional na proteção dos animais.
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Brigitte Bardot foi responsável por popular o biquíni, em 1956
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Brigitte Bardot
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Brigitte Bardot
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Brigitte Bardot
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A ativista animal em 2001
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Brigitte Bardot com seu cachorro para um documentário
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Brigitte em 1978 em uma discussão sobre as focas na França
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Brigitte Bardot
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Brigitte Bardot em 1990
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Brigitte Bardot com um lobo em um ensaio de fotos
Bernard Bisson/Sygma via Getty Images
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Brigitte Bardot se dedicou as causas de proteção aos animais
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Brigitte Bardot em Búzios
Prefeitura de Búzios.
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Brigitte Bardot em 1950
Herbert Dorfman/Corbis via Getty Images
O encontro com a atriz francesa também marcou a artista brasileira. “A primeira vez que eu a vi quando criança, já me apaixonei por ela. Ensolarada, linda, chique, elegante”, lembrou Rita Lee.
“Fiquei fã. E depois com o tempo comecei a ver que ela defendia os animais. E fiquei enloquecida com ela, com o que ela fazia, os filmes dela. Ela é uma deusa e eu sou louca por ela”, contou a cantora em 2018.
Relembre a entrevista
Rita Lee: Você conta um pouco da sua rotina diária no livro. Diz que entende de bichos mais do que o seu veterinário! Como explica sua ligação com eles?
Brigitte Bardot: É o mistério que existe entre a mãe e seus filhos.
RL: O cinema foi para você o que a música foi para mim: andar sempre à beira do abismo?
BB: O cinema foi uma ajuda formidável para me tornar a celebridade que hoje eu coloco a serviço dos animais. Quando fazia cinema, me dedicava profundamente a ele, assim como a tudo que realizei, a fim de ser a melhor e vencer no que me propus a fazer.
RL: Por que nunca topou fazer filmes em Hollywood?
BB: Porque isso nunca me agradou.
RL: Você se mantém linda e digna sem recorrer a procedimentos estéticos. quando percebeu que esse seria seu caminho?
BB: Eu sou uma mulher natural, aceito o que a natureza e o tempo me impõem.
RL: Como entende Deus através dos animais?
BB: Cada um de nós imagina Deus de uma maneira diferente: será que Ele existe? Será que Ele não existe? Mas, no meu imaginário, penso que Ele deu aos animais tudo que falta ao ser humano: uma beleza natural, uma coragem exemplar, uma dignidade extraordinária diante da morte, uma necessidade de sobreviver ao dia a dia sem fazer disso um comércio, uma fidelidade sem igual ao seu rebanho, a seus congêneres, sem precisar dividir suas terras e seus pertences. Além disso, eles são dotados de uma sabedoria diante das condições inumanas às quais nós os submetemos sem cessar.
RL: No livro, você cita São Francisco, Virgem Maria (adoraria ver sua capelinha na propriedade de La Garrigue!) e Santa Brigitte… como é sua espiritualidade? faz algum ritual? acredita que o espírito continua depois da morte?
BB: Nutro um amor verdadeiro por aquela que chamo de “minha Pequena Virgem”. Mandei construir para Ela uma pequena capela à qual recorro quando preciso me recolher, acompanhada de meus cachorros, de meus gatos e de todos aqueles que querem me seguir. Um porquinho me acompanhou outro dia. É um lugar selvagem e próximo do mar: deixo meu pensamento voar, medito à minha maneira, permito-me ser invadida pela calma, pelo odor selvagem, pelos sons do mar. Eu me reabasteço, então, da coragem que às vezes me falta. A morte me dá medo porque ela é monstruosa, e eu só gosto do que é belo.
RL: O que acha de zoológicos?
BB: Os zoológicos são prisões para inocentes. Um universo carcerário frequentemente insalubre e estreito que leva os animais à loucura, privados de espaço e de companhias.
RL: Como gostaria de ser lembrada, além de a deusa mais sexy do planeta?
BB: A fada dos animais.
