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Câncer de próstata: homem insiste e descobre tumor após anos de testes

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Câncer de próstata: homem insiste e descobre tumor após anos de testes

O advogado Jorge Gomes do Couto, 64 anos, recebeu um diagnóstico de câncer de próstata mesmo após anos realizando exames regulares desde os 50 anos. A descoberta da doença veio em abril de 2023 após uma intuição pessoal. Apesar de já ter passado por duas biópsias anteriores negativas, ele insistiu em fazer uma nova investigação quando o exame do antígeno prostático específico (PSA) voltou a subir.

“Meu PSA começou a subir de novo. Eu já tinha feito duas biópsias, ambas mostrando apenas hiperplasia benigna, mas algo dentro de mim dizia que não estava tudo bem. Os médicos diziam que não era necessário fazer um novo exame de imediato, pois no de toque nada sugeria irregularidade, mas uma sensação interna me dizia que eu podia estar desenvolvendo câncer”, lembra Jorge.

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Esse tipo de incerteza com o exame de PSA é comum, pois ele não é um teste diagnóstico definitivo por si só. Segundo o radiologista Wilson José de Almeida, presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), este exame é um indício que deve ser avaliado de forma mais aprofundada.

“O PSA é um marcador útil, mas não é específico de câncer. Há várias situações benignas ou circunstâncias que podem alterar seus níveis, sendo necessário uma avaliação clinica mais aprofundada. Além disso, a sensibilidade e especificidade do PSA e do toque retal combinados apresentam alguma limitação, por isso é importante avaliar os resultados junto com o paciente e seus fatores específicos de risco“, diz.

Câncer de próstata

Jorge sabia que muitos homens só descobrem a doença tardiamente, quando as possibilidades de tratá-la são muito mais restritas, e por isso decidiu agir antes que o tempo se tornasse um inimigo. Ele descreve essa insistência como uma “inspiração divina”, uma intuição forte, que o levou a fazer a terceira e derradeira biópsia.

“Eu pensava assim: se o exame apontar algo, começo o tratamento cedo e tenho mais chances de cura; se não apontar nada, fico em paz. Então, a insistência veio dessa voz interior e da responsabilidade com minha própria saúde”, relata.

Tratamento contra o câncer

Quando o diagnóstico finalmente se confirmou como o de um adenocarcinoma acinar usual, não houve surpresa, e o advogado se descreveu como pronto para a luta. “Obviamente que a confirmação assusta, você gostaria que não acontecesse, mas ter um câncer não é, hoje, uma sentença de morte. Sempre fui um lutador e não seria essa doença que me derrubaria sem luta ou riso”, afirma.

A partir dali, familiares e amigos se tornaram pilares fundamentais. A decisão de contar abertamente sobre o diagnóstico para eles ampliou a rede de apoio de Jorge, mas também serviu para conscientizar colegas da importância de fazer os exames preventivos com frequência.

O tumor de Jorge era do tipo mais comum de câncer de próstata e o tratamento dele depende do estágio em que a doença é descoberta. No caso dele, a estratégia escolhida foi a radioterapia IMRT, um tipo avançado de tratamento que permite atacar com mais precisão as células tumorais preservando as saudáveis.

Jorge afirma que passou a incentivar amigos, através de sua história, a fazer seus exames com maior regularidade

A resposta foi tão positiva que o advogado não apresenta sequelas físicas. Ainda assim, ele manteve o acompanhamento médico contínuo e duplicou a atenção com a própria saúde.

“Mudei minha alimentação, eliminei embutidos, refrigerantes, bebida alcoólica e reduzi drasticamente açúcar, carne vermelha, gorduras e frituras. Passei a comer mais frutas, peixe, ovos, legumes e a beber mais água. Também passei a caminhar diariamente e investi mais tempo na dedicação ao próximo no Lar de Frei Luiz, me mantendo em contato com outros pacientes oncológicos para apoiá-los”, diz.

Hoje, Jorge vive em remissão e reforça a importância do autocuidado e da prevenção. Ele incentiva outros homens a superar o preconceito em relação aos exames para evitar riscos desnecessários.

O câncer de próstata

O câncer de próstata é um tumor que se desenvolve na glândula localizada abaixo da bexiga, responsável por parte da produção do sêmen. É o tipo mais comum entre os homens, depois do câncer de pele, e muitas vezes não apresenta sintomas na fase inicial, o que faz com que passe despercebido por anos. Por isso, o diagnóstico precoce por meio de exames de rotina é essencial.

Mesmo com o avanço das campanhas, o câncer de próstata segue como o tipo mais incidente entre os homens brasileiros. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil deve registrar mais de 71 mil novos casos até o fim de 2025.

Esse número, bem como a história de Jorge, reforça a importância do diagnóstico precoce, que pode elevar as chances de cura para quase 98% dos casos detectados em estágio inicial.

Quando um câncer é encontrado, há várias maneiras de tratá-lo, desde apenas acompanhamento até a retirada cirúrgica da próstata ou radioterapia. Mas, sem a visita anual ao urologista, não é possível saber se há um tumor e se ele precisa ser tratado.

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