Os caramujos podem ser aliados da natureza, mas algumas espécies, como o caramujo africano, são verdadeiras ameaças à saúde pública. Em entrevista ao Metrópoles, o biólogo Fabiano Soares explicou como identificar esses animais, evitar infestações e proteger o ambiente de riscos sanitários.
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Embora a maioria dos caramujos não represente perigo, o caramujo africano (Achatina fulica) é uma espécie invasora e altamente perigosa. Esse molusco pode hospedar o parasita Angiostrongylus cantonensis, causador de meningite eosinofílica, que pode afetar a saúde humana. O contágio ocorre através do contato com o muco e as fezes do animal.
“Quando há infestação dessa espécie, é essencial acionar o centro de zoonoses do município, pois o controle deve ser rigoroso”, alerta Soares.
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Como identificar o caramujo africano?
Este caramujo tem uma concha grande, com formato cônico, listras marrons e beges bem definidas e pode ultrapassar 10 centímetros de comprimento. Ele é ativo principalmente à noite ou após períodos de chuva. A sua proliferação é rápida e sua presença deve ser monitorada de perto.
Métodos de controle
A forma mais eficaz de controlar esse molusco é a coleta manual. “É essencial usar luvas grossas e um saco plástico resistente para a captura, além de recolher também os ovos, que têm aspecto de bolinhas esbranquiçadas”, explica o biólogo.
O ideal é realizar a coleta à noite ou após a chuva, quando os caramujos estão mais ativos. Após a captura, a recomendação é matar os animais de forma segura, utilizando uma solução de água com cal virgem ou água sanitária, com a proporção de 50% de cada. Depois, devem ser enterrados de maneira adequada ou enviados para o local correto de descarte, conforme orientação dos centros de zoonoses.

Prevenção: como evitar o surgimento dos caramujos?
Além da captura, a prevenção é fundamental. Soares destaca a importância de um manejo adequado do ambiente, especialmente em jardins e quintais. “Manter o jardim bem arejado, com poda regular, e retirar folhas e entulhos evita que os caramujos encontrem abrigo. Também é importante corrigir pontos onde há acúmulo de umidade”, aconselha. Além disso, a utilização de canteiros elevados e barreiras físicas, como faixas secas e cascas de pinos, dificulta o acesso desses animais ao ambiente doméstico.
O que nunca fazer
Soares adverte contra métodos como o uso de sal no solo, que destrói a vegetação, e venenos improvisados que circulam na internet. “Esses métodos não são eficazes e podem prejudicar o ambiente de forma irreversível”, afirma. Outra prática a ser evitada é esmagar os caramujos, pois isso pode liberar os parasitas presentes em seu corpo, aumentando o risco de contaminação.

Preservação das espécies nativas
É importante lembrar que nem todos os caramujos são prejudiciais. Algumas espécies nativas, como os do gênero Megalobulimus, são inofensivas e devem ser preservadas. Soares recomenda que, caso haja dúvida sobre a espécie, é essencial consultar os órgãos responsáveis pela saúde pública para garantir a correta identificação e manejo.
Manter a casa e o jardim protegidos contra caramujos perigosos requer atenção constante e a adoção de boas práticas de manejo ambiental. Identificar corretamente as espécies invasoras e agir rapidamente são passos essenciais para proteger a saúde de todos e garantir um ambiente mais seguro.
