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    Careca do INSS usou empresa de suplente de senador para comprar avião

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    Uma empresa do suplente do senador Efraim Filho (União-PB), Erik Marinho, foi usada por Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, para comprar cotas de aviões usados pelo lobista e por políticos.

    A informação consta da investigação da Polícia Federal (PF) que embasou a nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quinta-feira (18/12) com autorização do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF).

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    De acordo com a PF, Marinho e a esposa dele, Joelma Campos, criaram “uma complexa rede de empresas de fachada” usada pelo lobista para blindagem de patrimônio obtido com recursos de desvios de aposentadorias pagas pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).

    O esquema bilionário de descontos indevidos de mensalidade associativa de aposentados do INSS foi revelado pelo Metrópoles. O Careca do INSS está preso desde setembro deste ano. Em depoimento à CPMI do INSS, Antunes negou participação nas fraudes.

    Segundo a PF, a empresa Air Connect S/A, registrada em nome de Joelma, foi intermediária na compra de cotas de aeronaves do Careca do INSS.

    “A AIR CONNECT S/A, por exemplo, é proprietária da aeronave Beech F90, prefixo PT-LPL, adquirida por R$ 2.800.000,00 em janeiro de 2022, período em que se intensificaram as fraudes relacionadas aos descontos associativos do INSS. Esses elementos reforçam a hipótese de que tais companhias funcionavam como veículos de blindagem patrimonial para ANTONIO CAMILO e seus operadores”, diz a PF.

    O e-mail usado no registro da empresa está no nome de Erik Marinho. Segundo a investigação da PF, o Careca do INSS já chamou o suplente de senador de “parceria jatinho”.

    O avião de R$ 2,8 milhões foi usado pelo senador Weverton Rocha (PDT-MA), conforme revelou a coluna de Tácio Lorran, do Metrópoles. Rocha também foi alvo de busca e apreensão nesta quinta-feira.

    O ministro André Mendonça, do STF, determinou que Erik Marinho deve ser monitorado por tornozeleira eletrônica.

    A reportagem entrou em contato com a assessoria do senador Efraim Filho, que não quis se manifestar. O Metrópoles também procurou o suplente Erik Marinho, mas ele não foi encontrado. O espaço segue aberto para manifestações.

    Dinheiro no exterior

    Segundo a PF, a atuação de Erik Marinho junto com o Careca do INSS para ocultação de valores era ampla. A rede de empresas movimentou bens e valores, “inclusive com indícios de operações no exterior”.

    O Metrópoles apurou que, além das empresas de aviação, Marinho tem uma gestora de investimentos, duas holdings, uma empreiteira e uma gestora de investimentos que tem uma firma de vigilância e segurança privada entre os sócios.