Declarações recentes de mulheres conhecidas reacenderam um debate sensível e cada vez mais presente: o celibato voluntário como estratégia de cuidado emocional. A cantora Rosalía e a atriz Grazi Massafera revelaram publicamente estar vivendo esse período de pausa na vida sexual, trazendo à tona reflexões sobre autocuidado, saúde mental e maturidade afetiva.
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Para o psicanalista Lucas Scudeler, o celibato não deve ser encarado automaticamente como algo positivo ou negativo. Segundo ele, trata-se de uma escolha que funciona como ferramenta psíquica, cujo impacto emocional varia conforme a motivação, a duração e o grau de consciência de quem a adota. Em determinados momentos, a interrupção da vida sexual pode representar um processo saudável de reconstrução interna, especialmente quando o sexo vinha sendo usado como forma de aliviar ansiedade, preencher vazios emocionais ou buscar validação externa.
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O especialista destaca que, em um contexto de estímulos constantes e relações rápidas, experiências sexuais sem vínculo podem gerar desgaste emocional e afetar o equilíbrio do sistema nervoso. Nesse cenário, a pausa consciente permite reorganizar o eixo interno e redirecionar a energia vital. Para Lucas, a libido vai além do desejo sexual: é uma força que, quando bem canalizada, se manifesta em criatividade, presença, clareza mental e magnetismo pessoal.
Expert faz alerta sobre o celibato
Apesar dos possíveis benefícios, o psicanalista faz um alerta importante. Em alguns casos, o discurso de autocuidado pode mascarar feridas emocionais não elaboradas, como medo de intimidade, rejeição ou abandono. Quando isso acontece, o celibato deixa de ser um espaço de fortalecimento e passa a funcionar como uma defesa rígida, afastando a pessoa da vida e dos vínculos afetivos.
Lucas Scudeler resume a diferença de forma direta: enquanto o celibato saudável aproxima o indivíduo de si e do mundo, o celibato neurótico promove isolamento. Ele também chama atenção para os efeitos silenciosos do sexo sem conexão emocional, como confusão afetiva, aumento da ansiedade nos relacionamentos e dificuldades futuras para estabelecer laços seguros.
Para o psicanalista, o ponto central da discussão não está na prática em si, mas na intenção por trás da escolha. O celibato não é, por definição, um sinal de evolução emocional, assim como a vida sexual ativa não garante liberdade ou equilíbrio. Tudo depende do nível de consciência emocional. “O problema nunca foi o sexo”, conclui, “mas usá-lo como forma de fugir de si mesma”.
