O grupo político do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSol), tem feito uma série de preparativos para emplacar a mulher, Natália Szermeta Boulos, como puxadora de votos da próxima disputa a deputada federal pelo PSol em 2026.
As estratégias envolvem desde maior visibilidade à advogada e militante nas redes até um discurso para rebater críticas sobre o uso do nome do marido para tentar se eleger.
Natália virou uma aposta após a decisão de que Boulos deixaria de concorrer para assumir o ministério do governo Lula (PT). Embora o PSol tenha ganhado um ministro, também ganhou uma dor de cabeça com a saída da disputa de seu maior puxador de votos.
O partido acredita que esse lugar, agora, será o da deputada federal Erika Hilton (SP). No entanto, o nome de Natália surge como um meio de transformar em votos o capital político de Boulos.
Jeito de candidata ela já tem. Natália vem tendo maior protagonismo e exposição após Boulos virar ministro.
Nas redes, em um perfil trazendo o sobrenome do marido, antagoniza com a direita, posta fotos com aliados e se posiciona sobre casos de repercussão –recentemente, por exemplo, se posicionou sobre a prisão por violência doméstica do influencer conhecido como “Calvo do Campari”.
Puxadora de votos
Dentro do PSol , Natália é vista como um dos principais potenciais de voto para a Câmara dos Deputados no estado, ao lado das já deputadas Erika Hilton, Sâmia Bonfim e Luciene Cavalcanti.
A avaliação, no entanto, é que Natália deve angariar o eleitorado de Boulos mais ligado a movimentos sociais, especialmente à militância no entorno do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). O desafio é fazer com que o ministro consiga também transferir parte do seu eleitorado ligado ao chamado “voto de opinião”.
No entendimento de membros do partido, esse público progressista de Boulos, que não é exatamente ligado aos movimentos sociais, pode se dividir em outros nomes além de Natália, como a própria Erika ou Luiza Erundina, que, aos 91 anos, ainda avalia se será candidata.
A candidatura de Natália tem sido articulada com grupos como o MTST e movimentos que fazem parte da Frente Povo Sem Medo. A ideia é que seja a candidatura apoiada oficialmente por esses setores.
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Boulos rebate críticas
Boulos tem citado a esposa sempre que pode –seja com fotinha romântica num show de pagode ou sendo lembrada no meio de uma entrevista. Sobre as críticas por um suposto favoritismo ao engrossar as estatísticas de políticos que privilegiam laços familiares em cargos públicos, Boulos já tem um discurso pronto.
Durante o programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan, Boulos buscou diferenciar o caso de Natália de outros.
“Uma coisa é alguém que tá na política simplesmente usar o sobrenome para botar o filho, botar o marido, botar a esposa, botar não sei quem que não tem nenhuma história, nenhuma relação. Aí você tem toda a razão, seria o clientelismo, um patrimonialismo político. Eu não sei se você conhece a história da Natália. Eu sou casado com a Natália há 15 anos. Ela atua no movimento social há 20”, disse o ministro.
O ministro listou parte da atuação da mulher na militância de esquerda. “Natália é militante do movimento estudantil desde os 16 anos de idade, fazia grêmio estudantil na escola. Atuou no movimento de luta por moradia durante os últimos 20 anos, foi atuar no PSol , foi presidente da Fundação Lauro Campos Marielle Franco, que é a fundação do PSol . Então, ela tem uma militância e um trabalho que não tem a ver com o fato dela ser casada comigo”, acrescentou.
Natália tem recebido apoio de aliados. Uma das mais próximas é a deputada estadual Ediane Maria, que, assim como Boulos, cita a trajetória de Natália. “A Natália (Boulos) e eu somos companheiras de luta há muito tempo, desde o MTST, então estaremos juntas em 2026 para buscar essa vitória nas urnas e trazer melhorias para São Paulo”.
