Os debates e boicotes gerados pela campanha de fim de ano da Havaianas foi visto como oportunidade por marcas concorrentes. Outras empresas do segmento de sandálias e chinelos surfaram no hype do tema e se posicionaram — direta ou indiretamente. Marcas como a Ipanema e a Tropical correram contra o tempo e lançaram novas campanhas e peças publicitárias, com publicações que foram “invadidas” por simpatizantes da direita. Nos comentários, os internautas exaltam as etiquetas, que passam a ser consideradas alternativa às “sandálias woke“.
Vem entender!

A polêmica campanha
A campanha da Havaianas estrelada pela atriz Fernanda Torres e lançada no domingo (21/12) trouxe a frase: “Não quero que você comece 2026 com o pé direito”. O conteúdo foi interpretado por parte da direita política como um ataque a valores conservadores, gerando críticas e pedidos de boicote ao produto. Políticos, influenciadores e apoiadores convocaram consumidores a deixarem de usar a marca em resposta à mensagem veiculada.
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A repercussão foi intensa: nas redes sociais surgiram publicações de apoiadores que chegaram a destruir e a “passar a tesoura” em chinelos Havaianas como forma de protesto. O mesmo público logo sugeriu que outras marcas de sandálias fossem consumidas no lugar daquela que “todo mundo usa”.

Reações de concorrentes
O debate aquecido foi providencial para marcas concorrentes, como a Sandálias Ipanema, que aproveitou para destacar seus produtos e se inserir na discussão. A marca, apesar de não ter feito nenhum pronunciamento político, virou um alvo positivo da direita brasileira. Desde domingo, o número de seguidores no Instagram da Ipanema dobrou, indo de 500 mil para mais de 1 milhão.
Vendo o rápido crescimento, a equipe de marketing não ficou parada, e publicou um comercial “de última hora”, com texto e vídeo simples, mas que já garantiu grande engajamento no Instagram. Nos comentários, apoiadores exaltam:
“Vou entrar no Ano-Novo pela direita, vou de Ipanema!”, disse uma internauta. Outra seguidora declarou: “2026 só Ipanema, entrando o ano com o pé direito”. Confira a publicação:
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Um post compartilhado por Sandálias Ipanema (@sandaliasipanema)
Outra concorrente, a Tropical Brasil, não escondeu o posicionamento. Em postagem feita nesta segunda-feira (22/12), a marca afirmou: “Com o pé direito? Sim. Mas do seu jeito, no seu ritmo, sem regra”.
A “cutucada” conquistou os simpatizantes da direita, que passaram a apoiar também a Tropical. “Faço propaganda de graça para vocês”, se manifestou o ator Carlos Alberto, responsável pela dublagem do personagem Homer Simpson no Brasil. Outro comentário ironizou: “Parabéns, Havaianas, lindo o gesto generoso de promover os concorrentes“.
O Instagram da Tropical Brasil, que costumava fazer uma publicação a cada dois dias, já fez três posts nas últimas 24 horas, mostrando que agarraram a oportunidade que pode ser passageira.

O boicote
Nas redes sociais, representantes da direita brasileira se unem para promover um boicote às sandálias Havaianas. Nomes como Luciano Hang — o dono da Havan — e Eduardo Bolsonaro incentivam que simpatizantes parem de consumir a marca.
5 imagens


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@tiagovargasms/Instagram/Reprodução
Internautas de direita aderem a boicote
Lyz10lg/X/Reprodução
Havaianas no lixo
X/Reprodução
Influenciadora corta Havaianas
josifloraoficial/Instagram/Reprodução
Eduardo Bolsonaro jogou no lixo um par de Havaianas
@bolsonarosp/Instagram/Reprodução
Mais do que isso, diversos internautas compartilham vídeos rasgando e destruindo os calçados, mostrando que o comercial de fim de ano foi inaceitável para suas posições políticas. A influenciadora Ally Camargo viralizou ao compartilhar o momento em que joga em um saco de lixo todas as Havaianas de sua casa, mesmo ato realizado por Eduardo Bolsonaro. Confira a posição do filho do ex-presidente no reel:
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Um post compartilhado por Ilca Maria Estevão (@ilcamaria.estevao)
Impacto para o mercado
Em meio à repercussão negativa da campanha publicitária, as ações da Alpargatas — controladora da Havaianas — registraram queda expressiva. Menos de 24 horas após o início da polêmica, o valor de mercado do grupo caiu 3%. De acordo com especialistas, a queda reflete a cautela dos investidores diante do aumento do ruído em torno da marca após o episódio.

