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    Crianças veganas devem ter suplementação de nutrientes, sugere estudo

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    As dietas vegetarianas e veganas podem promover o crescimento adequado para as crianças, mas devem ser planejadas com cuidado. A conclusão é parte de uma revisão de estudos sobre o tema publicada na quinta-feira (11/12) na revista Food Science and Nutrition, e que indicou padrões alimentares saudáveis para crianças se desenvolverem.

    A equipe de pesquisadores australianos e italianos consolidou dados de 59 estudos sobre o tema, que avaliaram mais de 48 mil participantes e observou diferenças relevantes entre grupos. Crianças que seguiram planos alimentares à base de vegetais ingeriram mais fibras e vitaminas específicas. Por outro lado, o grupo apresentou também ingestão inferior de energia, proteínas e minerais críticos.

    O estudo descreve benefícios e riscos associados às dietas, especialmente às veganas, onde não há nenhum consumo de derivado de animais, como ovos e leite. A análise aponta potencial de deficiências nutricionais quando nutrientes não são suplementados e quando não há acompanhamento técnico na adoção do plano alimentar.

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    Planejamento e risco nutricional

    Esta meta-análise comparou padrões veganos, vegetarianos e onívoros. A revisão constatou que crianças veganas e vegetarianas podem crescer bem e ser saudáveis, mas reforça que há risco de falta de nutrientes, o que exige atenção.

    O trabalho indica consumo maior de ferro, folato e vitamina C em dietas sem carne, com poucas diferenças entre veganos e vegetarianos. A revisão aponta, por outro lado, uma ingestão baixa de vitamina B12, cálcio e zinco entre estes grupos ao serem comparados ao de onívoros.

    “Notavelmente, a vitamina B12 não atingiu níveis adequados sem suplementação ou alimentos fortificados. A ingestão de cálcio, iodo e zinco frequentemente ficava no limite inferior das faixas recomendadas, tornando-os nutrientes importantes a serem considerados para crianças em dietas à base de plantas. As crianças veganas, em particular, apresentaram uma ingestão de cálcio especialmente baixa”, explica a nutricionista Jeannette Beasley, uma das autoras do estudo.

    A saúde de crianças veganas

    A análise indica que crianças com dietas sem produtos animais tendem a apresentar menor estatura do que as vegetarianas e onívoras. Os dados mostram índice de massa corporal (IMC) mais baixo e massa gorda reduzida nesses grupos. A revisão também aponta menor conteúdo mineral ósseo em alguns perfis avaliados.

    Os pesquisadores observaram marcadores positivos para risco cardiovascular. Crianças veganas e vegetarianas apresentaram colesterol total e LDL (conhecido como o colesterol “ruim”) mais baixos. A análise sugere perfis metabólicos mais favoráveis nesses grupos.

    “Nossa análise das evidências atuais sugere que dietas vegetarianas e veganas bem planejadas e suplementadas adequadamente podem atender às necessidades nutricionais e promover o crescimento saudável em crianças”, afirma a líder do estudo, a nutróloga Monica Dinu.

    “Esperamos que essas descobertas ofereçam orientações mais claras sobre os benefícios e os riscos potenciais das dietas à base de plantas, ajudando o número crescente de pais que optam por essas dietas por motivos de saúde, éticos ou ambientais”, acrescenta Dinu.

    Limitações e necessidade de evidências

    A revisão aponta limitações no desenho dos estudos analisados, especialmente pela quantidade pequena de estudos sobre crianças veganas que foram feitos (eram 40 onívoras e sete vegetarianas para cada vegana na base de dados).

    O trabalho também destaca que dietas vegetarianas e veganas bem planejadas são nutricionalmente adequadas e benéficas para adultos, mas que havia muito menos clareza sobre sua adequação para crianças.

    “Nossos resultados sugerem que uma abordagem equilibrada é essencial, com as famílias prestando muita atenção a certos nutrientes, particularmente vitamina B12, cálcio, iodo, ferro e zinco, para garantir que seus filhos recebam tudo o que precisam para prosperar”, conclui o nutrólogo Wolfgang Marx, coautor do estudo.