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De presídio em MG, chefão do tráfico comprava drogas do CV em SP

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De presídio em MG, chefão do tráfico comprava drogas do CV em SP

Mesmo recolhido no sistema prisional de Minas Gerais, Olessandro Silva dos Santos, o Gás, seguia no centro das negociações do tráfico de drogas que atravessavam estados e abasteciam diferentes cidades.

Segundo documentos do Grupo que Investiga o Crime Organizado (Gaeco), obtido pelo Metrópoles, ele comandava as tratativas de dentro do Complexo Penitenciário de Ponte Nova, mantendo contato com criminosos do interior paulista para garantir a aquisição e o repasse de drogas.

Mensagens interceptadas pela polícia indicam que o encarceramento não interrompeu sua atuação. Olessandro continuava a organizar compras, definir valores e ordenar entregas, utilizando-se de intermediários para fazer a droga circular fora dos muros da prisão.

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O elo com São Paulo

Nesse fluxo, Gesiel dos Santos Monteiro, sobrinho de Olessandro, aparece como peça-chave. Com vínculos no estado de São Paulo, ele era responsável por adquirir a droga fora de Minas Gerais e repassá-la aos demais integrantes do esquema. As conversas mostram Gesiel atuando como fornecedor e operador logístico, negociando preços, prazos e quantidades.

Em uma das trocas destacadas na investigação, Olessandro pede “ajuda” ao sobrinho para viabilizar a operação. Gesiel responde informando que já tem o “material” e estipula o valor por quilo, evidenciando a negociação direta de cocaína em estado mais puro, tratada como “exportação” nos diálogos.

Ordens curtas, negócios contínuos

Os diálogos revelam uma dinâmica marcada por comandos objetivos e linguagem cifrada. Mesmo preso no complexo penitenciário mineiro, Olessandro acompanhava de perto o andamento das vendas e cobrava alinhamento com outros integrantes do grupo, determinando para quem a droga deveria ser entregue e em quais condições.

As mensagens também mostram discussões sobre valores, reclamações por preços não cumpridos e ajustes nos prazos de pagamento, indicando que o tráfico seguia operando como um negócio regular, com conflitos e renegociações próprias de qualquer comércio, neste caso ilegal.

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A entrada do parceiro de SP

Paralelamente, o inquérito descreve a atuação de Lucas Henrique Rocha Pereira como um dos responsáveis pela distribuição de drogas no interior paulista. Ele — apontado como parceiro de um importante liderança do Comando Vermelho em São Paulo — aparece como encarregado de receber e pagar a droga enviada, utilizando outros indivíduos para manipula-la e manter o funcionamento da rede.

Assim como Olessandro, Lucas manteve participação ativa mesmo após ser preso em Minas Gerais, justamente por envolvimento no envio de drogas para aquele Estado, segundo documentos do caso.

A parceria com o CV em Rio Claro

Lucas atuava em parceria direta com Leonardo Felipe Panono Scupin Calixto, o Bode, líder do CV no interior paulista, como revelado pelo Metrópoles. De acordo com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Bode exercia as mesmas funções de Lucas, como dono e distribuidor de drogas prontas para o consumo, mantendo contato constante com ele para tratar do tráfico.

Bode foi batizado pelo CV, em território fluminense, e passou a ser descrito como o principal nome da facção em Rio Claro, no interior paulista, assumindo papel de liderança local e garantindo a continuidade das atividades criminosas.

Ele segue foragido e, segundo o serviço velado da Polícia Miltiar paulista, estaria sob a guarda do CV no Rio de Janeiro, após sua morte ser decretada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), em decorrência da disputa pelo tráfico em Rio Claro e região, que deixou um rastro de sangue, com baixas em ambos os lados.

Um esquema que ignora grades e fronteiras

A investigação conclui que o tráfico descrito no processo operava de forma integrada, conectando o Complexo Penitenciário de Ponte Nova, fornecedores com acesso a São Paulo e distribuidores no interior paulista.

O protagonismo de Olessandro Silva dos Santos, mesmo encarcerado, o papel operacional de Gesiel, a atuação de Lucas Henrique e a liderança local atribuída a Bode evidenciam, segundo os investigadores, a capacidade de adaptação da organização.

Para o Gaeco, o caso ilustra como o tráfico de drogas segue funcionando apesar das prisões, sustentado por celulares clandestinos, mensagens curtas e uma cadeia de comando que atravessa muros, cidades e estados.

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